O período carnavalesco é identificado à primeira vista como um momento de descontração e euforia entre os foliões. Mas sob um olhar mais aguçado, percebe-se que por traz desta cortina multifacetada em cores e fantasias personificadas, uma problemática intensa e brutal é fortemente apresentada.
Se de um lado, milhares buscam na festa uma fórmula para extravasar as emoções acomodadas durante um longo e duro ano de trabalho, outros intitulados “meia-dúzia”, se abstendo do propósito primeiro, idealizam na festividade uma ocasião oportuna para continuidade de práticas marcadas por ações violentas, que foram neste ano rigorosamente coibidas pela força policial em Cruzeiro do Sul.
Número ainda pequeno quando comparado a todo o amparado social montado para festividade. Mais de 100 profissionais empenhados prestaram intensamente diferentes serviços, desde prevenção à saúde, até esquemas de segurança pública, englobando policiais civis, militares, Bombeiros, Samu e secretarias municipais.
Tudo na tentativa de impedir que ocorrências mais graves ocorressem além de possibilitar a população uma chance de festejar de modo mais seguro e longe de conseqüências desastrosas.
Mas, passado esse período e até mesmo já incineradas muitas práticas através da tradicional quarta-feira de cinzas, nesta quinta-feira, 13, o povo cruzeirense, assim como também os demais brasileiros começam a refletir sobre o verdadeiro significado da festa, bem como o “efeito tsunami” causado na vida de muitos, que por um ou dois goles a mais terá pela frente uma longa batalha, equilibrando-se na corda bamba da vida real.
Sem outro jeito, muitos ainda tentam aos poucos, retomar, a rotina diária, encontrando no chamado “jeitinho brasileiro” uma alternativa para contornar situações e justificar outras.
Talvez agora com menos verdade e pouco mais de cautela, quanto aos próximos passos a dar.
Afinal de contas, a ressaca e dor de cabeça são pequenas comparadas às conseqüências de práticas cometidas, mas, somente ajuizada nos dias seguintes à folia.
Tribuna do Juruá – Dayana Maia