Além de produzir, a entidade se articulou e conquistou, junto ao poder público, a criação do Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação, o embrião da Fundação Cultural, a atual FEM. O trio de jovens, autodidatas, ainda conseguiu um espaço para as suas reuniões, local que se tornou a Filmoteca Acreana na Biblioteca Pública Estadual. O movimento influenciou artistas e outras áreas, principalmente no teatro.
O projeto possuía vários núcleos experimentais, um deles, porém, concentrava todas as ações: o Teatro Horta. Lá, o Grupo Imagem reuniu uma boa safra de atores, como Henrique Silvestre, Danilo de S’Acre, Márcia Fecury, o ex-governador Binho Marques e Silvio Margarido. Alguns até chegaram a dialogar com o audiovisual. Quando chegam os anos 1980, a situação na capital comportava uma intensa explosão artística que foi encabeçada por uma geração destemida e idealista.
O Teatro e a Telona – Ainda hoje, a relação entre o cinema e o teatro permanece de maneira muito colaborativa, por vezes levada na camaradagem, já que é necessário um alto investimento. Como não há mercado, as duas áreas acabam se completando e resistem apenas pela liberdade que o artista precisa ter para se expressar. Nesse caso o “apenas” já é motivo suficiente e incontestável. “O Ecaja foi, no sentido de representatividade, a nossa fase heróica”, diz Sílvio Margarido.
No passado, em 1979, ele e Binho Marques foram vencedores do 1º Festival Acreano do Filme Super-8, na Universidade Federal do Acre (Ufac), pela animação intitulada Xadrez. “Não chegamos a participar de concursos nacionais, ficamos por aqui mesmo. O público também era reduzido, formado basicamente por quem fazia parte do Centro de Pesquisa e Criatividade, e nosso trabalho acabava tendo mais visibilidade nas mostras e festivais”, explica.
Em tempos de Laranja Mecânica, O Poderoso Chefão, Tubarão, Taxi Driver, Apocalypse Now e o início da trilogia de Guerra nas Estrelas, lançados na década de 1970, o cinema acreano ainda era desbravado de forma modesta, quase rural, e falava de si, das coisas regionais. Mas, os nossos realizadores dividem, sim, particularidades com os renomados cineastas de Hollywood. Em comum, existe a inquietação, a vontade de expor pensamentos, posicionamentos e, obviamente, o fazer artístico. Fazer bem feito, claro, na medida do possível.
Vejam alguns cineastas acreanos:
Adalberto Queiroz, Tonivan, João Manhãs, Laurêncio Lopes, Fátima Almeida, Síglia Abraão, Eduardo Namen, Assis Ferreira, Assis Freire, Silvio Margarido, Binho Marques, Guilherme Francisco, Jorge Carlos, Adalberto Dantas, Moacir Barbosa, Talita Oliveira, Italo Rocha, Carina Cordeiro, Marcos Afonso, Jorge Carlos, Nilda Dantas, Betho Rocha, Silene Farias, Gilberto Trottamondos, Sérgio Carvalho, Valdir Calixto, Enilson Amorim, Marcelo Zuza, Clenilson Batista, Ney Ricardo, Juliana Machado, Isabelle Amsterdam e Daniela Andrade.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal
Com informações da Asacine