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Ex-operário denuncia trabalho escravo e possíveis irregularidades em trecho da BR-364

Trabalhador denúncia que Deracre recupera trecho de empresas e ainda esconde máquinas durante fiscalização.

O ex-operário, Cleilton Pinheiro de Melo, 25 anos, que estava trabalhando na recuperação de um trecho da BR-364, próximo a ponte do Rio Gregório, entre os municípios de Cruzeiro do Sul e Tarauacá, diz que foi demitido por não aceitar trabalhar durante um dia de domingo. Segundo ele, a gerente do acampamento do Deracre no trecho obriga os funcionários a trabalharem fora do horário de expediente inclusive aos finais de semana e feriados, sem direito a hora extras e quem reclama é sujeito a demissão.

Cleiton também diz que a alimentação é de péssima qualidade, mas ninguém pode reclamar se quiser continuar trabalhando. Segundo ele, só agora foi providenciado um caminhão coberto, mas por muitas semanas os trabalhadores ficavam o intervalo do almoço expostos ao sol e ao calor quase que insuportável, sem contar as viagens a pé por vários quilômetros na rodovia até chegar ao acampamento.

“Só quem está aqui perto sabe o que eu sofri e o que os meus colegas estão sofrendo, mas a gente não pode dizer nada pra ninguém, porque precisa do dinheiro, por isso se sujeita a essas condições”, desabafa o ex-operário que está trabalhando como diarista em uma fazenda.

O jovem afirma que foi demitido no último dia, 3 de junho e até agora não recebeu sua carteira de trabalho e o salário do mês que era de R$ 715,00 recebeu apenas R$ 258 reais.

Denúncia ainda mais grave

O ex-operário da obra afirma que o trecho é licitado por construtoras, mas o Deracre é que estaria executando as obras. Ele afirma que os operários são contratados pelas empresas, mas atuam como se fossem trabalhadores do governo.

Cleiton Pinheiro de Melo revela que receberam ordens e construíram uma estrada clandestina na margem da rodovia, para esconder as máquinas do Deracre em caso de vistorias e fiscalização do Governo Federal. Ele narra que durante uma fiscalização, o Deracre recolheu suas máquinas e colocou em atividade os equipamentos de uma construtora até a conclusão da vistoria.

O diretor presidente do Deracre, Marcos Alexandre, disse por telefone que o trecho que está sendo recuperado entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul é terceirizado, mas quem é responsável pela obra é o Governo do Estado. Segundo Marcos Alexandre, o Deracre dá assistência aos trabalhares que não trabalham fora do expediente.

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www.tribunadojurua.com – Francisco Rocha

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