Para entender o caso:
O caso veio à baila no dia 14 de agosto do ano passado, mas a Policia Civil (PC) não sabe a data certa que a droga sumiu de dentro da Delegacia. O corregedor de Policia Civil, Josemar Portes, esteve no local do crime e lidera a investigação junto com o delegado Alcino Vinicius.
O produto de furto – cerca de 40 kg de drogas – foi apreendido em uma operação da Policia na BR 364, trecho entre os municípios de Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Porém, isso é tudo que se sabe ou que foi divulgado sobre o caso.
Em entrevista exclusiva ao Ac24horas esta semana, o corregedor da PC, Josemar Portes, considerou o crime como uma ação grave, confirmou a participação de agentes da Polícia no caso e considerou o crime como de difícil elucidação.
A investigação – ainda de acordo o corregedor, a PC pediu a quebra de sigilos bancários e telefônicos dos suspeitos e tem agido dentro dos mecanismos que o fato requer, inclusive com a realização de oitivas e medidas drásticas.
“Não podemos adiantar muita coisa porque atrapalharia nas investigações, mas chegaremos em breve aos autores desse crime” acrescentou Portes.
A Polícia sabe que a ação foi planejada e muito bem arquitetada, as provas estão pelo horário e o dia em que aconteceu o furto. Segundo o corregedor, quem se envolveu nessa operação tinha conhecimento profundo sobre o fluxo e a rotina da Delegacia.
“Não tinha dia e horário mais adequado do que aquele em que se realizou a operação” adiantou o corregedor.
Para a Corregedoria da Policia Civil elucidar o caso é uma questão de honra para que não prevalece a impunidade em uma região conhecida como verdadeiro paraíso para o tráfico de drogas. O furto de 40 kg de drogas de dentro da Delegacia pode estar relacionado à rota internacional estabelecida por peruanos e colombianos vizinhos.
“A Polícia trabalha com todas as linhas de investigação para elucidar este caso”, concluiu o corregedor.
Fronteira aberta – A imensa fronteira do Juruá é uma espécie de paraíso para o crime organizado pelos vizinhos peruanos e colombianos que aos poucos, devido a fiscalização ineficiente, vão transformando a área numa das maiores de tráfico internacional de drogas.
Recentemente, durante avaliação sobre a ‘Operação Traíra’ no 61º Batalhão de Infantaria de Selva (61º BIS), em Cruzeiro do Sul (AC) o general Guilherme Theóphilo fez críticas ao governo federal e ao Ministério da Justiça, alegando falta de estrutura e recurso para realizar operações nas fronteiras:
A rota do tráfico – Antes, o Rio Môa era uma das principais rotas do tráfico, mas com a instalação de um pelotão do Exército, os traficantes desviam antes da base militar para o Rio Paraná dos Mouras, através de trilhas que ligam os rios.
Esses fatos foram revelados por moradores da região ao ac24horas durante reportagem feita no Rio Azul e em visitas às comunidades Foz do Breu – última fronteira por água com o Peru – e na Vila Restauração, ambas localizadas pertencentes ao Município de Marechal Thaumaturgo, no Acre.
Eles abrem trilhas para chegar ao Rio Paraná dos Mouras. As trilhas ficam próximas a ramais dos municípios de Mâncio Lima e Rodrigues Alves. Os rios Juruá Mirim e Paraná dos Mouras, afluentes do Juruá, são as rotas mais utilizados pelos traficantes. Mas é o Juruá Mirim, que deságua no Juruá nas proximidades da sede do município de Porto Walter, o preferido dos cartéis da droga. E devido à ação dos traficantes, muita gente evita navegar pelas águas barrentas desses rios.
A lei do silêncio na selva – no meio da floresta amazônica, nas linhas hidroviárias consideradas de alto risco de navegação onde os agentes do tráfico transitam fortemente armados, o que prevalece é a lei do silêncio, ribeirinhos, seringueiros assistem a movimentação calados e praticamente isolados.
Fonte:ac24horas-Jairo Carioca