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Reeducandos realizam protesto em frente a Cidade da Justiça

Agilidade nos processos, melhorias no alojamento e uso de tornozeleiras são as principais reivindicações dos 40 reeducandos do semi-aberto que realizaram uma manifestação pacífica na manhã desta sexta-feira (18) na frente da Cidade da Justiça em Cruzeiro do Sul (AC).

Os reeducandos ficaram durante toda a manhã na frente do prédio onde funciona o Poder Judiciário do município. Segundo eles os problemas vão desde a demora no encaminhamento dos processos, super lotação no presídio, falta de alojamento adequado para dormir e ainda falta de colchões.

Um dos manifestantes, que não quis se identificar com medo de represálias, disse que os presos do semi-aberto dormem em uma lavanderia, devido a falta de um espaço adequado para eles.

“Nós temos que repartir os colchões, dormem dois homens juntos em um colchão de solteiro, e é no chão mesmo. Lá existem dois banheiros, mas apenas um funciona, o outro está interditado. Nós só podemos dormir depois que todos usam o chuveiro para tomar banho, pois se não alaga tudo. Estamos cumprindo nossa pena, temos direito aos nossos direitos”, falou indignado um dos reeducandos.

Durante a pena o preso cumpre diversas etapas, sendo o regime fechado, cumprido apenas dentro do presídio, o regime semi-aberto, que é aquele que a pessoa trabalha fora e dorme na penitenciária, o aberto, que ele continua respondendo pelo crime em casa, e a condicional, que é a liberdade dada à eles. Existem alguns que já estão na condicional, pelo período que já foi cumprido, mas continuam tendo que dormir na penitenciária devido a lentidão nos processos.

“Já era para eu ter saído do semi-aberto há um ano e seis meses, eu cumpri todinho no fechado. Vai fazer um mês que eu sai para o semi-aberto e faz cinco dias que eu estou na condicional e já deveria está fora. Eu cumpri minha pena direito, como era para ser. Eu tenho que dormir lá embaixo da pia, pois não tem local”, relatou o reeducando Antonio Jair Rocha do Vale.

De acordo com o relato dos reeducandos a distancia para voltar para o presídio à noite é uma das grandes dificuldades. Eles solicitam o uso da tornozeleira , que acabaria com o problema.

No presídio Manoel Nery da Silva, o diretor Marquiones Santos Moura não quis gravar entrevista, mas assumiu que o local onde os presos ficam atualmente é inadequado e superlotado. Segundo ele a unidade local já enviou documento para o gabinete do Iapen informando a situação atual. Ele disse ainda que existe a previsão de chegada de 100 tornozeleiras. Com os objetos o problema poderá acabar, pois os presos serão rastreados e monitorados, sendo demarcado o espaço onde eles poderão circular, que compreende de casa para o trabalho e vice-versa, não sendo mais necessário retornar para dormir no presídio.

Procuramos a juíza Ademaura Gonçalves, responsável pelas execuções penais, mas a mesma encontrava-se em audiência junto com defensores públicos e promotores discutindo sobre os problemas dos reeducandos.

Tribuna do Juruá – Vanísia Nery

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