Scacello disse também que a SSO Amazônia está fazendo um levantamento e conversando com lideres na região para, segundo ele, compartilhar o planejamento e execução do projeto. “Queremos introduzir o conceito de agroecologia, redução do uso do fogo e desmatamento, além da organização social”, almeja o coordenador, que quer criar cadeias produtivas fortes para produtos extrativistas como o murumuru e o cacau nativo.
Histórico
Com a Segunda Guerra Mundial, surge no mercado a borracha sintética, substituindo parcialmente a borracha natural. Na Amazônia, entre 1943 e 1985, o governo federal passou a apoiar e a estimular diretamente a borracha dos seringais nativos e o preço passou a ser administrado.
Em 1985, quando a inflação atingiu os dois dígitos mensais, o governo abandona a política de sustentação dos preços reais da borracha natural. Os adiantamentos a longo prazo são suspensos. Os seringalistas daquela região passam a se interessar pela extração madeireira. Em 1986 foi criada uma expedição de cobrança de dívidas com o apoio de policiais, provocando revolta dos seringueiros e moradores do rio Tejo e do seringal Restauração, que de pronto realizaram uma manifestação, cujo resultado foi a saída dos policiais da área. Nesse mesmo ano e no ano seguinte os seringueiros ficaram muito apreensivos com as pesquisas sobre o potencial madeireiro e os contatos preliminares para a instalação de infraestrutura. Esse foi o contexto imediato para o projeto de criação de uma Reserva Extrativista na área, ideia ventilada pela primeira vez em 1987, em reuniões sindicais no seringal Restauração, quando o Conselho Nacional dos Seringueiros havia incluído em seu calendário de atividades um encontro dos seringueiros na microrregião.
Em 1988, com o início da atuação do CNS na microrregião do Alto Juruá é realizado um levantamento preliminar na bacia do rio Tejo e é elaborado o projeto para criação da primeira Reserva Extrativista do Brasil. A Procuradoria Geral da República, em 1989, solicitou à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a qualificação ecológica da região e, em 23 de janeiro de 1990, o Governo Federal através de Decreto nº 98.863, criou a Reserva Extrativista do Alto Juruá.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal