De acordo com um grupo de pesquisadores brasileiros e britânicos – da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de Leeds, respectivamente – a toxina MP1 abre buracos somente nas células com atividade cancerosa, deixando as saudáveis intáctas.
Paul Beales, da universidade inglesa, explica que a MP1 é extremamente seletiva e interage com os lipídios (moléculas de gordura), literalmente furando a membrana da célula e permitindo que outras moléculas essenciais escapem.
“Isso poderia ser de grande utilidade no desenvolvimento de novas terapias combinadas, que utilizam várias drogas simultaneamente para tratar o câncer, atacando diferentes partes da célula cancerosa ao mesmo tempo,” acrescenta o cientista britânico.
De acordo com o co-idealizador João Ruggiero Neto, do Departamento de Física da Unesp em São José do Rio Preto (SP), a descoberta é crédito do professor e pesquisador Mário Sérgio Palma, da Unesp de Rio Claro (SP).
“Os peptídios de todos os venenos são geralmente citotóxicos [tóxico às células], mas não o MP1, que tem uma poderosa atividade bactericida”, complementa Ruggiero Neto sobre sua pesquisa. “Tanto a ação bactericida quanto a antitumoral estão relacionadas à capacidade desse peptídio de induzir filtrações nas células ao abrir os poros ou fissuras em sua membrana.”
Pelo fato de o MP1 ser catiônico (ou seja, tem carga positiva) e tanto as bactérias quanto as membranas das celulas cancerígenas terem lipídios aniônicos (carga negativa), a atração eletrostática é o motivo dessa importante seletividade. O próximo passo dos cientistas, financiados pelo Governo Federal e pela Comissão Europeia, é testar a toxina presente no veneno das vespas com outros tipos de células e, posteriormente, em animais.
Fonte:yahoo