Ashaninka
A missão Ashaninka encontrou um acampamento a aproximadamente 200 metros da linha de fronteira com Brasil, e próximo a uma estrada. “Essa é uma estratégia conhecida. Eles montam acampamento próximo ao limite fronteiriço para retirar a madeira do território brasileiro”, explica Isaac Piyanko, liderança da aldeia Apiwtxa.
Segundo os índios da comunidade Soweto, existe um outro acampamento, entre os marcos 42 e 43, onde estão trabalhando com guincho motorizado, um sistema de exploração que causa muito mais impacto ambiental.
Durante a missão, os Ashaninka do Peru também encontraram na mata um grupo de oito jovens peruanos e brasileiros, sendo a maioria menor de idade. “O patrão do grupo não estava, apenas o seu filho. Eles se sentaram e escutaram como crianças o nosso apelo para não irem mais para o lado brasileiro”, explicou um dos índios que estava na expedição.
Dentro da TI Kampa do Rio Amônea, no lado Brasil, e entre os marcos 43 e 44, “foram encontradas madeiras picadas e várias árvores de cedro, mogno, copaíba e cumaru marcadas para derrubada e retirada”, contou Issac Piyanko.
Denúncia e ação
A Associação Ashaninka do Rio Amônia divulgou a notícia da invasão em seu blog, no dia 29 de agosto, e endereçou a denúncia à Fundação Nacional do Índio (Funai), à Polícia Federal, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e ao Exército brasileiro.
O Exército não se manifestou até agora, a Funai entrou em contato com a associação indígena pedindo mais informações, e os agentes da Polícia Federal e do Ibama de Cruzeiro do Sul procuraram as lideranças Ashaninka brasileiras com o objetivo de organizarem um planejamento em conjunto de fiscalização na área invadida.
Todas as referências geográficas e informações detalhadas levantadas durante a missão foram apresentadas em uma reunião, no dia 2 de setembro, em Cruzeiro do Sul. Estavam presentes as lideranças Ashaninka Benki Piyãko e Isaac Piyãko, Gleyson Teixeira, assessor técnico da Apiwtxa, Malu Ochoa, coordenadora da Comissão Pró-Indio (CPI-Acre), e agentes da Polícia Federal e do Ibama local.
Na reunião, ficou definido que nos próximos dias será realizada uma nova missão de fiscalização, para realizar sobrevoos nos locais marcados e verificar outras possíveis clareiras que não foram vistas por terra. Também serão feitos registros fotográficos e filmagens. (Maria Emília Coelho, do Portal CPI/Acre)