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Dindim: “Pode vir até o Jorge Viana, todos vão apanhar nas urnas”

“Quem tem raiva de mim aqui são os poucos ricos que tem em Feijó e que não estão tirando dinheiro da prefeitura.”

Ele é Raimundo Ferreira Pinheiro, 48 anos. O apelido, um tanto inusitado, unido ao seu estilo polêmico, o levou a ser o prefeito mais comentado nos encontros dos líderes da Frente Popular do Acre (FPA) e da oposição, tendo protagonizado por último, há duas semanas, a expulsão das máquinas do Departamento de Estradas e Rodagem do Acre (Deracre) do município de Feijó, cidade que administra há três anos, depois de vencer uma eleição suplementar realizada por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), logo após o ex-deputado estadual, Juarez Leitão (PT) sair vencedor do pleito convencional.

 Dindim recebeu este nome quando ainda criança. Na época, ele vendia dindim (sucos comercializados em pequenos sacos) pelas ruas de Feijó. Filho de seringueiros, nascido no seringal Esperança, ele se auto-rotula um “homem do povo”, mostra-se disposto para os desafios e tece ácidas críticas não somente aos adversários, mas aos próprios correligionários do PSDB, partido que considera democrático e capacitado para vencer as eleições não só com ele, em Feijó, mas também na capital, com o pré-candidato Tião Bocalom.

 A reportagem da Agência ContilNet encontrou Dindim num daqueles dias de humor descontraídos, porém atarefado, com dezenas de pessoas na antessala e outro tanto de secretários municipais aguardando para serem despachados.

 ”Aqui se trabalha muito. Não tem dia e nem hora. Na minha casa é do mesmo jeito. Vivo para o povo, e respiro política a cada segundo”, diz ele sentado em sua mesa, na sede da Prefeitura Municipal de Feijó, local que fez questão de pintar nas cores roxo e branco para descaracterizar o vermelho que imperava quando Francimar Fernandes, do PT, administrava a cidade.

 Por falar em PT, o irreverente Dindim não esconde de ninguém seu conceito sobre o partido, e afia a língua quando o assunto e corrupção e honestidade. “Falo até do meu partido se for para o bem do povo”, afirma.

 Mas, tanto pragmatismo não tem sido necessário, já que Dindim permanece naturalmente como pré-candidato da oposição no município, e declara estar à disposição do partido, classificando sua relação com o PSDB como ótima.

Além da relação com a população, o PSDB e seus secretários, o prefeito também não se mostra preocupado com a Câmara de Vereadores, certo de que mantém como aliados cinco dos nove legisladores municipais. “Eu respeito a Câmara de Vereadores, respeito os vereadores, e eles me respeitam como prefeito e cidadão. Esta tudo bem assim”, frisa.

 Quanto a indicação de nomes para disputar a prefeitura de Feijó numa possível desistência sua, Dindim confirma que gostaria que o irmão, José Augusto, um dos secretários mais conceituados do município, aceitasse o desafio.

 “Se ele quisesse ser o candidato, eu gostaria muito. Mas, ele não quer, mesmo sabendo que a lei diz que pode”, lamenta.

 Trajetória de lutas, incertezas e vitórias

Na conversa com a Agência ContilNet, o prefeito tucano fez uma análise de sua trajetória e detalha fases importantes da sua vida, algumas lamentáveis, outras interessantes de ouvir, todas envolvendo lutas e superações.

 Para ele, a primeira característica de alguém vocacionado para política deve ser a coragem. “Um homem também deve ter palavra. Do contrário, não é homem, é moleque”, diz.

 Dindim Pinheiro entrou na política aos 16 anos de idade, e é oficial de justiça há mais de 20 anos.

 Eleito vereador pela primeira vez em 1992, foi detentor de três mandatos consecutivos, e atribui as vitórias a sua lealdade para com o povo, humildade e personalidade. “Nunca tive apoio de governador, prefeito, presidentes de Câmaras de Vereadores. Comigo, só Deus, minha família e o povo!”.

 Aprofundando o assunto sobre sua vida, ele comenta o lado pessoal e lembra que ao nascer não deu trabalho para sua mãe, diferentemente dos três irmãos, que quase a mataram de dor.

 Sua primeira palavra foi “dor”, já que antes de completar um ano de idade caiu uma panela de banha (óleo) no seu corpo. “Eu acho que foi por isso”, considera ele.

 Dindim entrou na adolescência e ao final dela havia escapado de morrer afogado 12 vezes. “Meu pai sempre me salvava. Quando fiquei jovem entrei no alcoolismo, e consegui me recuperar, e hoje vivo para minha esposa, meus quatro filhos e para ajudar o povo” destaca ele, que revela ainda não gostar de dinheiro.

 “Não gosto de dinheiro. Ele é o mal deste mundo”

Ao falar sobre o cargo, a responsabilidade e o status de prefeito, Dindim diz que não sente-se prefeito. Sinto-me apenas administrador da cidade e do dinheiro que é do povo de Feijó, e não meu”.

 Por falar em dinheiro ele declara, parafraseando a Bíblia Sagrada, que o dinheiro é a raíz de todos os males. “ Por dinheiro as pessoas matam e traem mãe, filho, irmão, amigos, tudo isso para enricar, e depois sentem-se sozinhas e sujas”, diz.

 “Até hoje o PT me persegue, mas eu não tenho medo deles”

 Dindim faz questão de enfatizar que não temeu e nem teme a estrutura da FPA e que permanece, como da primeira vez, preparado para lutar contra a tropa de choque do governo nas eleições deste ano.

 “Pode vir Francimar, Juarez, quem quiser, e até o Jorge Viana, que todos vão apanhar nas urnas”, declara.

 Perguntado se procede as especulações de que sua popularidade esta em baixa, Dindim refuta veementemente e alega mentiras de adversários desesperados. “Quem tem raiva de mim aqui são os poucos ricos que tem em Feijó e que não estão tirando dinheiro da prefeitura”.

 Ele afirma que caso não seja candidato nas eleições deste ano, o PT colocará os grupos políticos da oposição “dentro de um buraco” e meterá a peia.

 “Até hoje esse povo me persegue. Todos os dias. O Binho foi até melhor, mas a maioria vive com perseguição em cima da minha pessoa, mas permaneço firme, sem medo de nenhum deles. Estou preparado para qualquer batalha” avisa.

Silvânia Pinheiro da Agência Contilnet

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