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Mensagem das urnas

O PT, no Acre, controla a mídia, a prefeitura de Rio Branco, o governo estadual e conta com apoio irrestrito do governo federal. Apesar disso, o partido, que tem como principal cabo eleitoral o governador, não consegue varrer do mapa uma oposição desorganizada, fracionada, sem dinheiro, e, como dizem os petistas, sem projeto.

Dos 22 municípios, a coligação Frente Popular do Acre (FPA), liderada pelo PT, que almejava eleger no mínimo 16 prefeitos, elegeu neste domingo (7) apenas nove, nas menores cidades. A oposição elegeu prefeitos em 13 cidades.

A FPA perdeu em Cruzeiro do Sul, que é o segundo maior colégio eleitoral do Estado, além de quatro cidades (Brasileia, Xapuri, Assis Brasil, Epitaciolândia) do Vale do Acre, com a agravante de que concorria à reeleição em duas delas. Perdeu até em Rodrigues Alves, a minúscula cidade anunciada como a primeira com ruas 100% asfaltadas.

Em Rio Branco, o candidato Marcus Alexandre (PT) vai disputar o segundo turno eleitoral com Tião Bocalom (PSDB), o “Davi” que veio de Acrelândia para atormentar a força política dos irmãos Jorge e Tião Viana.

Para equilibrar a força de votos no Estado, o PT sabe que é necessário tentar derrotar o tucano a qualquer preço. Do contrário, há quem diga que o projeto de reeleição do governador Tião Viana estaria comprometido. Isso pode ser relativo.

Contar com uma oposição ocupada com uma prefeitura sem muita condição de trabalhar, dispor de alguém para culpar por não ter cumprido promessas eleitoreiras, também é um forte cabo eleitoral.

Para o cientista político Nilson Euclides, professor da Universidade Federal do Acre, uma vitória pode esconder situações graves em política.

– Às vezes, uma derrota pode dar ao derrotado uma saída ou alguma perspectiva dentro de um quadro de disputa tão acirrada quanto a que estamos experimentando em Rio Branco – afirma o professor.

A vitória do “poste” Marcus Alexandre é uma vitória da máquina governamental e do marketing – falar do novo é captar o desejo de mudança da população, é quase fingir que é oposição ao próprio governo para ganhar os votos de protesto e dos insatisfeitos.

Porém, por trás da vitória do marketing estão ocultos problemas ou fisssuras da FPA.

Nilson Euclides avalia que, no decorrer dos próximos dois anos, uma eventual vitória do PT em Rio Branco, no dia 28 de outubro, pode comprometer o projeto de reeleição do governador.

– Uma vitória de Marcos Alexandre não vai apagar os graves problemas de democracia interna, de falta de diálogo que o governo atual tem demonstrado em relação a setores importantes da sociedade acreana. O programa Ruas do Povo pode ter sido suficiente para levar o Marcus Alexandre ao segundo turno, mas, diante do resultado eleitoral pífio no interior do Estado, pode ser insuficiente para assegurar a reeleição de Tião Viana.

E a oposição desorganizada, fracionada, sem dinheiro e sem projeto?

– A derrota no primeiro turno pode significar um aprendizado, exigir organização e engajamento. Também pode ser pedagógica para que entenda que não cabe mais aventuras de candidatos diante da hegemonia política da Frente Popular, que, apesar de tudo, ainda existe. A oposição precisa aprender a caminhar coesa e articulada, a ampliar o diálogo com setores mais populares e com formadores de opinião – assinala Nilson Euclides.

Fora do Acre, o desempenho do PT na capital chegou a ser interpretado por analistas como surpreendente, em virtude da força política que a família Viana mantinha até então.

Fonte: Blog do Altino Machado.

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