Depois da deflagração do movimento de ruas, quando centenas de milhares de pessoas em todo o Brasil exigiram mudanças nos rumos da política brasileira, o governo federal passou a “ceder às pressões das ruas”. Já houve redução nas tarifas das passagens de ônibus, o desbloqueio e o aumento de recursos para a saúde e educação e a possibilidade de uma inimaginável reforma política. No Acre, onde o PT faz a segunda administração mais longeva do país, o movimento reivindicatório protestou contra a corrupção [com destaque para o G-7] e levantou uma bandeira que, há pouco tempo, seria impossível vê-la desfraldada: o fim da famigerada pensão vitalícia para ex-governadores.
Para isso acontecer, foi apresentada, na Assembléia legislativa do Acre (Aleac), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Mesmo com muita pressão nas ruas e manifestações nas galerias da Casa, nove deputados ainda insistem em não querer assinar o documento. Vejam quem são eles:
Astério Moreira (PEN) – Apesar de alguma semelhança sonora, nada tem a ver com austeridade. Começou a carreira como vereador na pequena Brasiléia, ainda na década de 80, depois de herdar o espólio político de seu o pai, de meu nome. Asterinho, como também é conhecido, é um jornalista-político experiente. Foi um dos ícones do extinto MDA, que fez uma ferrenha oposição ao governo petista. Depois de uma repentina “conversão cristã”, momento em que pediu publicamente perdão aos irmãos Viana, Astério decidiu se aliar ao atual sistema dominante. Elegeu-se vereador e depois deputado estadual. Líder do governo na Casa, ele é um dos principais membros da tropa de choque do governo.
Eduardo Farias (PC do B) – Talvez seja o único que valha alguma coisa da trupe (grupo de artista, comediantes) acima. Médico-infectologista muito respeitado, com marcada carreira na capital acreana, Farias, que não deve ser candidato à reeleição, carrega a sigla de um partido notadamente fisiologista de esquerda. Infelizmente, ele ainda é comandado pelo chefe da legenda, o secretário de Estado Edvaldo Magalhães.
Élson Santiago (PEN) – Político matreiro, já está no sexto mandato. É um dos mais beneficiados com o atual projeto de poder. Apesar da Lei da Transparência, nunca divulgou os gastos da Aleac. Com gordo orçamento, sabe-se apenas que cumpre o papel de cooptar deputados usando os recursos do próprio Poder Legislativo. É investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por vender passagens aéreas para a empresa Jutiham, uma fusão dos nomes de seus dois filhos, Júnior e ThiagoMelo, os proprietários do negócio.
Geraldo Pereira (PT) – É considerado um dos melhores quadros técnicos do PT na Aleac. Cunhado do ex-prefeito Raimundo Angelim, elegeu-se à custa do erário, pois, mesmo pertencendo a uma tradicional família política, não possuía nenhuma base social para pedir votos. Tem domínio sobre orçamentos e finanças públicas, sendo o “facilitador” do PT neste assunto.
Helder Paiva (PEN) – Político com mais de 30 anos de mandato, não se conhece um único projeto seu que tivesse relevância para a sociedade. É o que se tem de pior quando os assuntos são fisiologismo e descaso com o “espírito público”. Nunca encampou uma única bandeira popular, votando, sempre, de acordo com as orientações do Palácio Rio Branco. Para completar o seu “currículo”, ainda integrar a nefasta bancada evangélica. O deputado-pastor é membro da Igreja Assembléia de Deus, cujos membros trocam votos por favores.
Jamyl Asfury (PEN)- É a pior decepção entre todos os 24 deputados. Policial federal de carreira, sindicalista e engenheiro civil, teria tudo para ser o melhor parlamentar. Teria. É o mais fisiologista e demagogo entre os seus pares. Em pouco mais de dois anos de mandato, vai trocar de legenda pela quarta vez e, pasmem, transformou-se em governista mesmo sabendo de todas as maracutaias do governo petista. Quando foi desencadeada a “Operação G-7”, ficou com o rabo entre as pernas e, pasme de novo, sequer saiu em defesa da instituição de que faz parte. Mantém uma estreita ligação com um dos pastores mais pidões do Acre, o chefe da Igreja Batista de Bosque, conhecido por Pastor Agostinho. A relação entre os dois é o que se pode chamar de “pacto entre chacais”. Conseguiu o “status” de desagregador da base governista. É considerado o X-9 (quem leva conversinhas para o governador), sempre no afã de se promover.
Manoel Moraes (PSB) – Apesar de pertencer a um partido socialista, não luta nem nunca lutou contra a exploração das classes menos favorecidas. Ao contrário, integra um grupo de ruralistas na cidade de um dos mártires do PT, a Xapuri de Chico Mendes. Moraes é sócio de outro conhecido empresário do raro imobiliário, o seu irmão conhecido por Francisco. Também não se conhece nenhum projeto seu de envergadura social.
Maria Antonia (PP) – Quando alguém lhe pedir o seu voto e alegar que é para uma mulher, faça a seguinte pergunta: ela vai legislar com o quê? Assim como o seu marido, o ex-prefeito de Rodrigues Alves, Francisco Deda, essa deputada não tem nenhum caráter ou muito menos honradez. Infelizmente se elege a custa de um assistencialismo barato, que ainda é comum nestes rincões da Amazônia. Ela faz política por um único e exclusivo propósito: se apropriar de dinheiro público. É uma vergonha para a nossa região, o Vale do Juruá, e principalmente para as mulheres.
Ney Amorim (PT) – É o deputado que tentar conter a gula de alguns de seus pares, principalmente os membros da Mesa Diretora. É profissional quando o assunto é saber ganhar uma eleição, sobretudo porque detém uma estrutura de campanha que muitos candidatos majoritários não têm. É um político de esquemas, notadamente com os setores da construção civil e com empresas prestadoras de serviços e fornecedoras para o governo do Estado e Aleac. Apesar de pouca idade, já um gângster no meio político e empresarial. A Operação G7, com certeza, deve ter escutas telefônicas desse moço.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal