Pacientes com problemas de catarata dizem ter perdido a visão após cirurgia feita pelo Instituto dos Olhos Fabio Vieira, que realiza em Rio Branco, um mutirão de cirurgia contratado pelo governo do Acre. Procurada, a médica responsável pelo acompanhamento de todos os pacientes no pós-operatório e na supervisão dos exames, Dra. Mariana Sbrana, disse que a recuperação depende de cada paciente e que os procedimentos médicos adotados no mutirão tem o que existe de melhor em tecnologia no Brasil.
Partindo de suas declarações, os dois casos acompanhados por ac24horas se tornam no mais novo desafio para a medicina oftalmológica. O que ocorreu com a visão de dona Luciula Mesquita e Raimunda Venâncio Belarmino que afirmam estarem cegas após a cirurgia?
A própria especialista tentou explicar. Sbrana afirmou que em alguns casos, a recuperação da visão demora entre um e até trinta dias. Ela esclareceu que o instituto não tem conhecimento dos casos apresentados pela reportagem, mas não se aprofundou nas explicações sobre os procedimentos realizados antes da cirurgia.
Uma das pacientes, dona Lucila Mesquita já tem mais de 30 dias pós-operação. Pelo relato, parece mesmo ter ocorrido erros nos procedimentos médicos ou complicações que a equipe não sabe explicar. A dona de casa conta que resolveu procurar o mutirão depois de ter sido desenganada por médicos cubanos, oftalmologistas que atendem na Bolívia.
– Eles disseram que a cirurgia seria de alto risco e ela poderia ficar cega para sempre devido à pressão ocular (glaucoma) – esclareceu o marido da paciente.
No mutirão oferecido pelo governo do Acre, segundo o marido de dona Lucila, os médicos afirmaram que a pressão não era problema nenhum para operar ninguém. Seu Francisco Alves Bezerra afirmou que diante de tamanha garantia, não hesitou em autorizar o procedimento cirúrgico na esposa.
– Então fizemos a consulta no domingo e já na segunda-feira operaram o olho direito dela e com 30 dias disseram que ela iria voltar a enxergar. Ela ficou foi cega – conta Bezerra.
OUTRO CASO – Outro caso semelhante é o da senhora Raimunda Venâncio Belarmino, de 65 anos. Ela conta que sempre se queixou de problemas de catarata no olho direito, mas nunca teve condições de pagar uma cirurgia por ser muito caro.
– Depois que o mutirão apareceu aqui no Acre eu fiquei muito animada. Marcamos a consulta e foi tudo muito bem e rápido nos exames e até para a cirurgia – conta dona Raimunda.
Passados 15 dias pós-cirurgia, dona Raimunda conta que piorou da vista que foi operada. “Fiquei cega de vez, vejo um vulto muito pouco”, contou apavorada.
O repórter Jairo Carioca procurou um especialista em oftalmologia para comentar os casos. A proposta foi aceita desde que seu nome não fosse revelado. Segundo ele, a cegueira causada pela catarata pode ser reversível nos casos em que não há outras doenças oculares associadas, que deveria ser identificada através de exames realizados antes das cirurgias. Ele citou entre as causas que podem levar a cegueira, a degeneração macular, a retinopatia diabética ou o glaucoma.
Nos casos específicos, o especialista disse que poderia fazer uma análise mais profunda após a leitura dos exames realizados antes das operações. Ele informou ainda que embora seja uma cirurgia que não exige internação, é recomendável os médicos fazerem um risco cirúrgico. Entre os procedimentos recomendados estão os exames de sangue, eletrocardiograma, radiografia de tórax e uma avaliação cardiológica.
Salomão Matos e Jairo Carioca – da redação de ac24oras em Rio Branco, Acre