Mesmo morando em uma região que tem a farinha de mandioca como a mola propulsora de sua economia, a população de Cruzeiro do Sul atualmente tem que pagar caro pelo produto que é indispensável na mesa do consumidor da maioria das cidades da Amazônia. Desmotivados pelo baixo preço que era praticado há pouco tempo, muitos produtores desistiram, outros baixaram a produção que hoje não atende a demanda de exportação para outros estados do país.
No mercado local, a saca com 50 quilos que já foi vendida ao preço de R$ 25, há poucos anos, hoje é comercializada a R$ 100,00. Esse aumento foi mais considerável nos dois últimos meses. Em setembro deste ano o valor de mercado girava em torno de R$ 70.
A elevação no preço do produto é compreendida como uma variável que oscila de acordo com a oferta. Segundo o comerciante Manoel de Souza Lima filho, no ramo há quatro anos, a farinha se tornou um produto caro em Cruzeiro do Sul em razão da baixa produção registrada em 2012 que não atende as demandas de exportação.
“Hoje está muito difícil comprar a farinha porque a disputa é muito grande em virtude de uma grande quantidade que é enviada para Manaus e outras regiões do país e os produtores reduziram a produção devido a um período de desvalorização do produto” – avalia o comerciante.
O fator exportação, observado pelo seu Manoel, é justificado pelos números da Secretaria da Fazenda do Estado que faz uma previsão de que o mês de novembro se encerre com uma média de 15 mil sacas de farinha enviadas para outras cidades somente por via fluvial, sendo que o período de navegação pelo rio Juruá está apenas começando. Estima-se que o dobro disso seja levado de Cruzeiro do Sul através da BR 364.
O produtor Paulo de Lima do Nascimento que mora no Ramal 2 do Projeto Santa Luzia, uma das regiões mais produtoras de farinha em Cruzeiro do Sul, confirma o outro fator que levou ao aumento no preço da farinha. Mesmo tendo um grande plantio de mandioca em sua propriedade, desde o ano passado o agricultor abandonou a fabricação.
“Dá muito trabalho para fazer a farinha e não compensa a gente vender quando o preço está baixo como já tivemos em tempos atrás. Tem momento que não paga nem as despesas” – alega o produtor.
De acordo com os agentes envolvidos na cadeia produtiva da farinha, a tendência é que nos próximos meses o preço do produto comece a sofrer uma redução. Tendo em vista que, no período de cheia no Juruá, os ribeirinhos que moram nos afluentes do rio também começam a produzir porque passam a ter condições de fazer o escoamento. Além disso, aqueles que estavam desmotivados, como é o caso de Paulo, ganharam novos ânimos com o preço que está sendo praticado e retomarão as atividades.
“Melhorou e agora dá para ter um lucro” – disse o agricultor que já deu inicio a uma reforma em sua pequena fábrica para iniciar uma farinhada na primeira semana de dezembro.
Tribuna do Juruá – Da redação