A loja de produtos agropecuários São Marcos, localizada no centro da cidade, está disponibilizando em suas prateleiras o calcário líquido Forth Balance: Composição e Garantia. O suposto corretivo de solo é vedado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), embora a gerência do Acre desconheça a portaria de proibição. “Não estamos sabendo de nada”, disse o técnico do ministério, Manoel Mendes, que reside em Rio Branco. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), um dos mais respeitados do país, desaprovou a comercialização do produto.
O Forth Balance é um produto que não tem comprovação de sua eficácia, conforme portaria da União e das principais instituições científicas do Brasil. O produto pode ser pulverizado, gotejado, inundado e aplicado por aspersão no solo. Ele utiliza um processo industrial que mantém micronizadas partículas de cálcio em suspensão, melhorando assim a dispersão das partículas quando aplicado ao solo. O Forth Balance evita emissões de poeiras, diminui o problema com armazenamento.
“Em outras palavras, o produto pretendia ‘aposentar’ om calcário em pó”, diz o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marcelo André Klein. Segundo ele, dois galões de cinco litros, que custam R$ 460, poderiam substituir uma tonelada de calcário em pó, o que seria uma enorme vantagem para quem pretende fazer calagens e correção de solos. “O Forth Balace é o telexfree da agricultura”.
O produto também foi analisado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS). Vejam a conclusão: “Não há argumentos que sustentem que o uso de um kg de um calcário muito fino na forma de pó ou misturado a um líquido poderia substituir uma tonelada de calcário comercial ao ser aplicado ao solo com finalidade de elevar o pH, diminuir o Al tóxico ou fornecer Ca e Mg. O desempenho da agricultura brasileira, ao tornar-se um dos maiores produtores mundiais de alimento, foi baseado em estudos que envolveram e envolvem técnicas diversas de manejo do solo. Sem dúvida a calagem é uma das mais importantes. Divulgar a ideia de que é possível substituir esta técnica por outra sem comprovação científica, e pior, por um produto ou dose muito aquém da necessária para os objetivos principais do uso do calcário, é sem dúvida uma irresponsabilidade e um desserviço ao País”.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal