A visita na terça-feira (6) durou pouco mais de uma hora, o suficiente para deixar o presidente do tribunal de Justiça do Acre, Adair Longuini e o corregedor de justiça, Arquilau de Castro Melo, assustados com a situação de abandono por parte do estado com presídio Manoel Néri da Silva.
Além da falta de segurança e da superlotação, o prédio apresenta infiltrações e rachaduras em várias partes. A enfermaria na hora da visita estava com muita sujeira, colchões rasgados, camas enferrujadas e o consultório médico sem cadeira e mesa para o atendimento aos detentos.
O diretor do presídio, Frederico Felipe, comenta que a unidade opera no vermelho e o risco de uma rebelião é constante. Segundo ele, os presos vivem numa completa tensão com a falta de estrutura. Para Felipe, a unidade está superlotada e não tem mais nenhuma condição de receber novos presos, mais de 500 detentos ocupam um espaço construído para 150 presidiários.
A visita do presidente e do corregedor do TJ-AC ao presído, foi acompanhada por advogados, um promotor e pelos Juízes, José Vagner, Clovis de Souza Lodi e Andréia Brito, todos da Comarca de Cruzeiro do Sul. Na visão dos magistrados, os servidores estão trabalhando numa situação extrema de perigo e o estado que deveria estar reeducando os detentos, está preparando-os para que voltem ao mundo do crime.
O promotor, Valter Teixeira Filho, que atua na área criminal, disse que ainda não aconteceu uma tragédia no presídio Manoel Néri da Silva, porque Deus tem ajudado. “Sozinho eu não consigo mexer com o estado, sou pequeno diante dele, mas se todos nós, nos juntarmos, vamos conseguir vencê-lo e evitar que o pior aconteça”, comentou.
O desembargador e corregedor de justiça do estado, Arquilau de Castro Melo, disse que a situação do presido em Cruzeiro do Sul é gravíssima, mas avalia que cúpula do TJ pode convencer o governador, Tião Viana e tomar providências para melhorar a segurança e a estrutura do presídio.
Adair Loguini e Arquilau, afirmaram que vão marcar uma audiência com o governador, para expor a situação do presídio e exigir que mudanças aconteçam o mais rápido possível. “Vamos colocar a força do judiciário a serviço do povo”, comentou o corregedor.
Para tentar desafogar a carceragem, o governo iniciou a construção de um novo pavilhão com capacidade para receber mais de 100 presos, a conclusão da obra no valor de R$ 4 milhões era para dezembro de 2010, mas até hoje não foi concluída e os trabalhos estão parados há mais de 4 meses.
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www.tribunadojurua.com – Francisco Rocha