Os açougues de Cruzeiro do Sul ficaram praticamente vazios durante esta semana. Por conta do feriado da Semana Santa, os clientes sumiram e a maioria dos comerciantes decidiu fechar as portas de seus estabelecimentos.
Devido a tradição cristã de não comer carne vermelha nesse período, as vendas caíram e o abate de bovinos e suínos nos frigoríficos da segunda maior cidade do Acre foi suspenso até sábado. Por conta disso, ontem quase ninguém compareceu nos açougues. Nesta quinta-feira (13), a movimentação do mercado mercado municipal também foi mínima e quase todos os pontes de venda de carne mantiveram as portas fechadas.
O presidente da Associação dos Magarefes, Elismar Souza, disse que todos os anos é normal esse período de baixa nas vendas. Segunda ele, nos primeiros dias da semana a procura caiu em mais de 60% e durante esta quinta e amanhã quase ninguém procura um quilo de carne.
“Para se ter uma ideia, temos dois frigoríficos que abatem, cada um, de 80 a 100 animais diariamente para atender a demanda, mas desde segunda-feira que estão matando apenas 30 ou 40. Por isso, hoje e amanhã não haverá abate de bois” – disse o representante dos magarefes.
A expectativa dos comerciantes de carne é que as vendas se normalizem a partir de sábado de aleluia. “Agora, no sábado o consumo dobra porque já está todo mundo enjoado de comer peixe e, com isso, nos preparamos para atender a demanda que será maior do que nos dias normais” – acredita.
O aposentado Manoel Bezerra da Costa, 68 anos, afirma que sempre respeitou as tradições da igreja e da família, por isso foi ao mercado nesta quinta-feira para comprar apenas o peixe, o milho para o mungunzá e os ingredientes para fazer arroz doce.
“Eu acompanho do mesmo jeito que meus pais ensinaram, não como carne vermelha. Porque, de primeiro, a gente não varria casa, não pegava em faca, não partia lenha. Hoje está tudo mudado, mas eu continuo respeito as antigas tradições” – disse o aposentado.
Não comer carne na Semana Santa é uma tradição secular. A Igreja Católica recomenda essa privação como forma de lembrar o sacrifício que Jesus fez, morrendo na Cruz para salvar os cristãos.
Tribuna do Juruá – Djalcimar Rogério