Depois da maior epidemia da doença já registrada no estado, em 2006, quando foram notificados mais de 93 mil casos, a região do Vale do Juruá se tornou uma referência mundial no controle da endemia. O programa de combate à malária é desenvolvido pelos agentes de endemias, que passam diariamente nas residências, onde a incidência de casos da doença é maior, tentando identificar pessoas infectadas e orientando a população.
O trabalho nesses municípios levou o Acre participar, pela terceira vez consecutiva, de um concurso realizado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). O prêmio é dedicado às melhores estratégias de combate à malária nas Américas e, neste ano, a premiação será entregue em cerimônia realizada nos Estados Unidos, em outubro. Nos dois últimos anos, representando o Brasil, os municípios, ficaram em segundo lugar no concurso.
Outra estratégia que tem colaborado para que o número de casos da doença venha diminuindo, gradativamente, é a entrega de mosquiteiros impregnados com repelente, que começaram a ser distribuídos em 2007. Somente neste ano, foram investidos mais de R$ 500 mil na compra de equipamentos, como barcos, motor de polpa, bicicletas e mobiliários para fortalecer as ações desenvolvidas.
A malária estava relativamente bem controlada nas décadas de 50/e 60, mas reapareceu nos anos de 70 e 80 com a ocupação populacional desordenada que ocorrera na periferia da Amazônia Legal. Estradas foram abertas, sistemas de irrigação instalados, a corrida do ouro em Rondônia. Tudo isso fez com que o número de casos aumentasse consideravelmente e atingisse o pico de 500 mil novas notificações por ano no país.
É uma doença com maiores características rurais, tendo um impacto grande no Vale Juruá por ser uma região onde as cidades estão envolvidas por florestas. Acredita-se que a construção de açudes de piscicultura, sem acompanhamento ambiental, foi um dos principais motivos para recrudescimento da doença.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal