Professores sem autoridade e desmotivados com o quadro de abandono da carreira, pais que repassam para a escola a tarefa de educar, alunos explosivos em sala de aula e governo omisso formam a uma verdadeira e desastrosa bomba-relógio dentro do mais precioso ambiente de transformação social: A ESCOLA.
Por algumas horas refleti sobre o que escrever acerca desta data, que todos os anos vem abarrotada de homenagens (até certo ponto melodramáticas) difundidas em sociedade pelo boca a boca e até pelas mídias. E foi justamente este aspecto que me fez levantar um questionamento ainda maior e mais complexo que esta comemoração anual.
Em busca rápida na internet pela expressão PROFESSOR olha o que encontrei de imediato: “AGREDIDA por pai de alunos, diretora sofre com convulsões”; “AGREDIDA por mãe de aluno, professora tem medo de voltar a lecionar”; “Professora cai em depressão e precisa mudar de casa após AGRESSÃO”; “Três anos após AGRESSÃO, professora ainda teme represália de aluno”; “Me sinto jogado no lixo, diz professor que largou sala de aula após AGRESSÃO”.
Tantos noticiários me fizeram debruçar em nova pesquisa. Dessa vez quanto às leis e possibilidade ao menos de punição a tamanha monstruosidade, porém nada na prática fora de fato e direito cumprido. Foi então que me veio o questionamento: Dia do Professor: Comemorar por quem e para que?
Há algum tempo, já tramita no Congresso Nacional o projeto de lei 6269/09, que criminalizaria a agressão contra professores, com pena prevista entre três e quatro anos de detenção. Vale destacar que também já foi aprovada pela Comissão de Educação e Cultura do Senado, o Projeto de Lei 191/2009 que criaria barreiras e punições contra alunos que cometerem agressão contra o docente.
Tantas leis na prática do dia a dia, não funciona, são meros bibelôs obsoletos. Os professores continuam abandonados à própria sorte em um verdadeiro campo de batalha, em que o combatente e utópico ideal de educação se preserva apenas na vã consciência de que uma andorinha só possa um dia possa fazer verão.
A verdade é que nos últimos tempos, se tornou frequente na mídia que hoje enaltece a figura emblemática do professor, a veiculação de matérias referentes a casos de agressões sofridas a estes profissionais. Muito embora esta problemática seja abordada em diversos debates institucionais e governamentais, ao que parece os episódios absurdos cada vez mais vem ganhando contorno mais atroz e vergonhosamente cortinados por parâmetros nada curriculares, nem tão pouco eficazes no bom desempenho da comunidade escolar prevista pela envelhecida Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
É preciso assumir que o material escolar mais barato que existe na praça é mesmo o professor, que quando é recém-formado, é julgado inexperiente ou se agrega anos de carreira, é mais ultrapassado no mercado, principalmente quando não consegue a plena aprovação daqueles intitulados estudantes, que nem mesmo reconhecem aquele que sempre foi e será o grande detentor do conhecimento. Ao invés disso, agride, maltrata e deixa marcas profundas no corpo de na alma simplesmente porque se queira ensinar, mas não se aceitou aprender.
Portanto, a violência proveniente de fatores sociais, psicológicos e pedagógicos demonstra o desafio da socialização e do respeito comum que têm faltado nos ambientes escolares. Sabemos que atualmente, a escola é exigida a repassar conhecimento, é por isso é exigida, muitas vezes, a substituir a conduta que deveria ser ensinada pelos pais e, sobretudo, é impulsionada a repetir conhecimento e formar mão-de-obra ao mercado, sem que haja uma profunda preocupação com a formação de cidadão, que hoje necessita de escolta policial do caminho de casa para escola, quando não dentro da própria instituição, já fragilizada por tantos acontecimentos violentos.
Seria hipocrisia, portanto comemorar o Dia do Professor frente a tantos dias de dor e luta desses profissionais em busca de superação dos próprios medos por um mundo melhor, em que será reconhecido o valor das suas palavras, da sua renúncia e sagrado trabalho.
Encerro aqui estas poucas palavras, agradecendo e me solidarizando aos professores que enfrenta todos os dias a vida real em sala de aula, onde não existem belos discursos ou ainda teorias sem fundamentos de palavras soltas ao vento ou presas em meros papéis em branco. E você vai comemorar também ou levar esta bandeira em favor de nossos professores?
Tribuna do Juruá