Há menos de 24 horas para o retorno do horário antigo, o empresário Francisco Cameli Messias, mais conhecido como Chiquinho Messias, garante que jamais adiantou o seu relógio, ignorando tanto o novo fuso como o horário de verão. “Acho uma violência sem tamanho obrigar as pessoas a mudar de rotina sem necessidade”, declarou ele, para quem, tais mudanças “é para gente que não tem história ou tradição”.
Chiquinho Messias, que possui um relógio de parede nas dependências de sua loja, acompanhou todo o processo de “imposição” do novo fuso, do plebiscito e dos últimos momentos de retorno horário antigo. “Não tenho nada a comemorar. Isso em nada muda a minha rotina”, disse ele, que mandou uma filha estudar em Manaus (AM) para ela não tivesse que acorda mais cedo.
Se o empresário passou ao largo das mudanças, o mesmo não se pode dizer da população acreana. Aos que tem a responsabilidade de fazer os ajustes no horário de funcionamento de escolas e repartições públicas, parece que estão a fomentar o caos e a confusão para forjar a rejeição à mudança, o que piora ainda mais a situação da população.
No próximo domingo (10), depois de mais de três anos de atraso em razão de manobras regimentais no Congresso Nacional, finalmente teremos o retorno do antigo horário acreano. A Lei 12.876/2013 sancionada pela presidente Dilma Roussef no dia 31 de outubro faz justiça e garante o cumprimento do resultado do referendo realizado em 2010, quando a maioria da população acreana rejeitou a mudança da hora estabelecida sem consulta popular em 2008.
Existe uma maioria silenciosa e sofredora de trabalhadores que votou pelo retorno ao antigo horário acreano e é ela que espera que os administradores públicos atuem de forma célere para minimizar os impactos da mudança. Aos que tem a responsabilidade de fazer os ajustes da hora, nunca é demais lembrar que 2014 é ano de eleição e eventuais transtornos decorrentes de um retorno caótico e confuso ao antigo horário ainda estarão frescos na memória dessas pessoas.
Apesar do assunto ainda causar polêmica e dividir a opinião pública, todos, com certeza, concordam em um ponto: democracia é assim mesmo, a vontade da maioria deve sempre prevalecer.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal