Há alguns anos um deputado estadual do Vale do Juruá denunciou, na tribuna da Assembleia Legislativa, um fabricante de farinha da capital que estava usando no rótulo de seu produto o nome “Farinha de Cruzeiro do Sul”. Isso aconteceu e pode acontecer porque o produto não possui o registro (selo) de Indicação Geográfica (IG). Para obtê-lo é preciso que os produtores se organizem em associações, cooperativas ou confederações, posto que somente uma pessoa jurídica pode requerer o registro.
Há alguns anos, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) iniciou uma conversa com os produtores, propondo que se trabalhasse a farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul como indicação geográfica. Isto agregaria, além do reconhecimento do uso da marca, o patenteamento junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), de modo que ninguém mais poderia utilizar e traria como benefício para os produtores a organização rural, agregação de valor, geração de emprego e renda no meio rural.
“É a valorização do produto, como se fosse uma certificação. Também existem outras maneiras para proteger o produto farinha de mandioca da região, que pode ser através de marcas coletivas. Vamos proteger o nosso produto e dizer, realmente, que a farinha de mandioca é daqui da região. É positivo tanto para o produtor quanto para o consumidor”, declarou o diretor da Central de Cooperativa do Juruá, Reginaldo Rodrigues.
A farinha é o mais importante item da economia no Vale do Juruá, recebendo o título de melhor do Brasil. O produto é proveniente, além de Cruzeiro do Sul, dos municípios vizinhos de Mâncio Lima e Rodrigues Alves. Toneladas de farinha saem pelo porto de Cruzeiro do Sul e vão abastecer o mercado do Amazonas, Pará e Rondônia. De acordo com a assessoria de impressa da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), as cooperativas da região entraram com um pedido de registro de marca junto ao Inpi.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal