Considerada uma das entidades mais articulada do país, o Movimento das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) está organizando uma grande marcha para reivindicar, em Brasília, uma indenização para os filhos separados dos pais por causa da doença. Na manhã de hoje (03), eles realizaram uma assembleia que deu posse à nova direção, além de comemorar os 28 anos de fundação da entidade em Cruzeiro do Sul.
Em agosto deste ano, a presidente Dilma Rousseff se comprometeu em assinar, em novembro deste ano, um Ato Normativo no qual pagaria, aos filhos de hansenianos separados dos pais uma indenização que pode chegar a R$ 100 mil. “De início, os filhos devem procurar a sede do Morhan e preencher um formulário”, disse o coordenador da regional do Morhan, Élson Dias.
Ainda segundo ele, uma comissão interministerial vai decidir, junto com representantes dos filhos de vítimas da hanseníase, o formato da norma (se será lei, decreto, medida provisória) e discutir valores e formas de pagamento. Para ter direito ao benefício, os filhos terão que ter nascido até 1990 e apresentar documentos que comprovem a internação dos pais ou responsáveis.
O isolamento de pessoas com hanseníase, imposto oficialmente pelo governo, durou pelo menos 40 anos. No fim da década de 1940, uma lei federal determinou o afastamento compulsório de recém-nascidos filhos de vítimas da doença, o que provocou a separação de milhares de famílias. Calcula-se que o número possa chegar a 40 mil.
“Os filhos também foram vítimas, porque foram retirados dos pais violentamente, colocados em orfanatos anexos às colônias. E muitos deles eram dados como mortos para as famílias e dados em adoção sem que a família soubesse, e se perderam por esse mundo afora, com muitas sequelas físicas e psicológicas. O que estão fazendo é nada mais, nada menos do que reconhecer uma dívida de Estado”, avaliou Élson Dias.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal