Uma legião de dependentes químicos perambula pelo centro da cidade. Concentrados na Praça Bandeira e na travessa Mamed Cameli, os grupos consumem todo tipo de drogas, inclusivo álcool, que eles apelidaram de “tampa azul”. Maltrapilhos e ignorados pelo poder público, cometem arruaças, violência e roubos. No mês passado, alguns vereadores visitaram o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
O coordenador, Paulo Roberto Barros, diz que o problema só poderá ser resolvido quando Estado e Município resolverem priorizar o ser humano. “Todos somos responsáveis por estas pessoas. Elas não são invisíveis. São doentes e precisam de assistência em todos os aspectos”, declarou ele, esclarecendo que o CAPS de Cruzeiro do Sul faz apenas atendimento ambulatorial.
Para fazer um tratamento espontâneo de desintoxicação, o município teria que contar com CAPS AD (álcool e drogas). O paciente passaria por três fases: intensivo, semi-intensivo e não intensivo. A unidade precisaria contar com médicos psiquiatras, psicólogos, enfermeiro, técnico em enfermagem, assistente social, terapeuta ocupacional, redutor de danos, coordenadores de oficinas e auxiliares.
Paralelamente, o centro teria que receber pacientes e encaminhá-los para os centros de referência da assistência social, promotoria, ambulatório de saúde mental e pós-internatos. “Apesar de contarmos com alguns desses profissionais, não dispomos de estrutura física para fazer os trabalhos de um CAPS AD”, explicou o coordenador.
Com mais de seis mil pacientes cadastrados e atendendo sete municípios da região, o CAPS de Cruzeiro do Sul depende de emendas parlamentares. “Se não fosse um deputado federal, que destinou recursos para garantir essa pequena estrutura, não sei com estaria a situação”, disse ele, preocupado com a crescente demanda pelos serviços.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal