A pequena Vitória Alves da Silva e sua mãe, a dona de casa Antônia Ferreira Alves, não sabem que existe uma determinação do Sistema Único de Saúde (SUS) para que toda criança vitimada pela má formação congênita, lábio leporino, tenha direito e prioridade a intervenções cirúrgicas de correção. A criança, tudo bem, tem apenas quatro anos. E se a mãe não é analfabeta ou desinformada por que então a menina está nessa condição?
Dona Antônia mostrou um documento-comprovante expedido pelo Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Datado em julho do ano passado, o encaminhamento se tornou apenas um pedaço de papel. A mãe, num misto de tristeza e indignação, disse não entender os motivos do esquecimento. “Eles nunca me ligaram ou vieram na minha casa”, disse ela, que mora em uma região alagadiça do bairro Miritizal.
O drama dos pais, que têm mais quatros filhos, piorou depois que eles descobriram que Vitória sequer estava numa lista de espera. Segunda a mãe, o seu esposo fora inúmeras vezes no TFD e não obtivera respostas. As cirurgias são realizadas por uma equipe médica que vem do estado de Minas Gerais. “Há preconceito por parte de algumas pessoas”, revelou dona Antônia.
A reportagem procurou a coordenadora do TFD na região, Rosa Maria Lima, que, de pronto, disse que os pais haviam perdido uma consulta com os especialistas. “Aqui está a ficha da menina e a comprovação da convocação”, afirmou ela, avisando que os pais precisam dá entrada em outro pedido. Ainda no mesmo dia desta entrevista, a coordenadora ligou para a reportagem assegurando que, no próximo de 27, Vitória estará em Rio Branco para realizara a sonhada cirurgia.
O que é
O lábio leporino ou fenda palatina (cientificamente fissura labiopalatal) é uma abertura na região do lábio ou palato, ocasionada pelo não fechamento dessas estruturas. O ocorre entre a quarta e a décima semana de gestação. O adjetivo leporino se refere à semelhança com o focinho fendido de uma lebre.
Trata-se de uma anomalia congénita, que ocorre durante a formação e desenvolvimento do feto, onde o paciente apresenta comunicação buco-nasal, devido a perfuração no palato, onde é possível observar o septo nasal, bem como as conchas inferiores. Pode atingir palato duro e palato mole.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal