A frase supracitada é do saudoso jornalista Samuel Wainer, que se notabilizou pelo combate por ideais. Também é título de seu único livro, cuja leitura me serviu como referencial de vida e de profissão. Era o ano de 1987. Fui parar numa festa no Bar e Restaurante O Casarão, de alegres e saudosas companhias. Foi minha primeira vez naquele local, como aquelas pessoas.
Era um mundo novo que me fascinava. Além da música de qualidade, era um nicho de gente interessante como professores e estudantes da Ufac, jornalistas, ambientalistas, esquerdistas, ongueiros, artistas e locos. Só sai de lá depois que o bar fechou.
De O Casarão para o PT, movimento estudantil da Ufac, Sinteac, CUT, etc, foi um pulo. Como a criação de um jornal semanário, em 1995, mudo de trincheira. Decidi então qual seria a minha profissão e, aos poucos, foi me desvencilhando dos outros fronts.
Não gosto de brigas, nem tenho porte físico intimidador. Gosto de luta, de enfrentamento por ideais, do bom combate, como disse Paulo, apóstolo romano que se converteu ao cristianismo, ao ser executado em Roma anos após a crucificação de Jesus Cristo.
Na segunda metade da década de 90, não tenho dúvidas, fiz algumas reportagens que, decerto, hão de orgulhar os meus descendentes para o resto de suas vidas. Destaco duas: a primeira, quando a então coordenadora do Centro de Defesas dos Direitos Humanos da Diocese (CDDHD), Nazaré Gadelha, confiou-me um dossiê do temido “Esquadrão da Morte”. Nele constava a concepção e formação e o modus operandi da organização criminosa, além de uma lista de pessoas mortas e outras marcadas para morrer. O material foi publicado na primeira página sob o título: “O dossiê do crime organizado”.
A segunda foi no município de Plácido de Castro. Fui fazer uma reportagem sobre as peripécias administrativas do então prefeito Luiz Pereira. Depois de escutar os denunciantes, fui, como manda o bom jornalismo, ouvir o outro lado, ou seja, o prefeito acusado de picaretagem. Ao entrar na prefeitura e dizer do que se tratava, fui achincalhado e trancado em uma sala, vigiado por um policial militar. No primeiro vacilo do PM, fugi e me refugiei na igreja do pároco da cidade, o padre Gabriel. A reportagem foi às bancas com a seguinte manchete: “Vereadores denunciam corrupção na prefeitura de Plácido de Castro”.
Na próxima semana, vou fazer uma reportagem que vai balançar os alicerces desta cidade. Mas posso adiantar alguma coisa. Os abusos que serão denunciados só acontecem por causa da covardia e omissão de agentes públicos.
Voltando ao primeiro parágrafo, quero reafirmar aquilo que digo aos meus amigos em momentos lúdicos. Minha razão de viver é o combate. A minha felicidade é não ter medo de poderosos. Quis Deus que fosse poupado deste sentimento.
Artigo
Tribuna do Juruá – Jorge Natal