Há seis meses que os moradores do bairro do Remanso estão se sentindo prejudicados com a obra do canal linear construído nos bairros Telegrafo, Remanso e Cobal em Cruzeiro do Sul. Eles alegam que após a abertura do canal, na parte abaixo das residências, as águas que antes corriam por um córrego estreito, agora ganham mais velocidade, ocasionando o desbarrancamento das casas. A situação já atingiu cinco residências na localidade.
“ Nós já não sabemos o que fazer, já procuramos os responsáveis pela obra e eles alegaram que deveríamos procurar a defesa civil. Nossas casas estão prestes a cair. Esse córrego que hoje está dessa largura, antes era bem estreito, mas com a abertura do canal mais a frente a água não fica mais parada e acaba levando cada vez mais as laterais dos barrancos”, relatou o morador Francisco Pinho.
Construídas em locais de risco as casas que antes passavam por alagação no período invernoso, agora correm o risco de cair. Os barrotes que sustentam as residências estão à amostra, evidenciando o risco dos moradores, que em meio ao perigo pedem uma solução para o problema. O senhor Francisco Martins mora a vinte anos no lugar, e teme perder a residência em decorrência do problema. Ele conta que já perdeu até mesmo o banheiro da casa.
“O meu banheiro caiu e eu reconstruí novamente, mas a casa já está totalmente inclinada. Estou vendo que a qualquer hora pode acontecer algo mais grave aqui”, disse o morador.
O assessor de coordenação do governo do estado, Itamar de Sá, alega que o problema não é ocasionado pela obra, e indicou que a defesa civil fosse acionada para vistoriar as casas.
“Nós temos ali primeiro a ocupação inadequada do espaço do Igarapé, daquele vale, e ainda temos um acúmulo excessivo de lixo, que vem de muitos anos. Se tivesse sido realizada limpeza periódica, a canalização, o aprofundamento do leito daquele igarapé para que a água pudesse ter sido melhor canalizada esse problema teria sido minimizado. Nós estamos com um relatório que foi feito pela assistente social da Seop, da Secretaria de obras de Rio Branco, e vamos verificar em loco essa situação, pois não fugimos de nossa responsabilidade, o que nós orientamos é que os moradores procurassem a defesa civil do município, pois nos preocupamos com essa situação”explicou.
O projeto visa urbanizar a área periférica da cidade e pretende beneficiar mais de duas mil famílias. Além da drenagem, a obra inclui rede de água e esgoto, pistas com acessibilidade, área de lazer e sinalização viária. A continuação do projeto inclui parques, praças e arborização. O investimento inicial é de mais de R$ 13 milhões, oriundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Tribuna do Juruá – Vanísia Nery