Diariamente, moradores do bairro Remanso estão procurando o presidente da Associação de Moradores, José Maria Amorim Lima, para ele reivindicar, junto às autoridades, a construção de um porto na comunidade. Eles sugerem que a obra seja feita no prolongamento da Rua Getúlio Vargas ou na travessa Antonio Carlos Lima. De tanto reivindicar e não ver o pleito atendido, o líder comunitário emitiu uma “Nota de Descaso” em nome da entidade.
O porto, segundo os moradores, atenderia as comunidades rurais Tapiri, Olivença, São Luiz, Estirão do Remanso e dos bairros próximos ao rio Juruá. Pescadores, ribeirinhos, alunos e professores seriam os principais beneficiados com a obra. “À noite é escuro e tem muito lama no inverno”, disse o morador Oganiel Alves da Costa. A dona de casa e pescadora Maria Silva dos Santos da Costa diz que os estudantes são os mais prejudicados. “As crianças usam sacolas nos pés”, revela.
Além do “descaso” do poder público (municipal e estadual), os beneficiamentos, ainda de acordo com os moradores, não chegam porque a área é tida como particular. Ela pertenceria ao mega-empresário Abrahão Cândido da Silva. “Nem as crianças podem brincar.”, diz a mulher. A área, que fica numa região de várzea e deve pertencer à União, estende-se do final das proximidades do porto do governo até a divisa com a “propriedade” de um comerciante conhecido por Soares.
Morando há 22 anos no local, o construtor de barcos, Braulino Antônio de Souza, diz que o porto é a principal reivindicação dos moradores. “Nem todos podem ter acesso ao porto do governo”, conta ele, alertando para o término da construção da Base da Petrobrás, onde balsas e navios deverão ocupar a margem do rio. “Se não tomarem providências, muitos pais de família irão ficar desempregados”, prevê o trabalhador.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal