O alto custo para a exploração da madeira no Acre tem feito com que os proprietários das áreas florestais deixem de ser protagonistas e passem a exercer um papel que coadjuvante no processo, recebendo compensações financeiras, que quase sempre não correspondem ao valor real que suas reservas florestais inexploradas representam ‘no papel’, antes de serem exploradas.
A decisão de explorar uma determinada região depende mais dos compradores (serrarias e indústrias de beneficiamento) do que dos proprietários das áreas florestais. São os compradores que possuem as máquinas, equipamentos e pessoal especializado, decidindo se vale ou não a pena explorar a madeira de uma ou várias propriedades, seja em projetos de assentamentos ou grandes fazendas de criação de gado.
A terceirização da exploração tem se generalizado a tal ponto que hoje, a iniciativa de verificar o potencial madeireiro da floresta, bem como de elaborar e aprovar o plano de manejo está nas mãos dos que irão adquirir a madeira, seja para uso em suas próprias indústrias ou para revender para indústrias de terceiros.
Ao proprietário da floresta a ser explorada cabe apenas assinar as autorizações necessárias e atuar como mero observador do processo. Como argumentam os compradores, os vendedores de madeira não precisam investir seus recursos financeiros nem desperdiçar tempo procurando elaborar e aprovar os planos de exploração. Tudo fica a cargo das empresas exploradoras. Essa perspectiva de comodidade cobra, no final do processo de exploração, um alto preço para quem vende a madeira.
A terceirização faz com que o dono da área explorada embarque no processo de exploração de sua reserva florestal como um ‘parceiro’ das empresas que exploram a madeira, recebendo no final como pagamento apenas um percentual do volume da madeira retirada. Seu maior ou menor ganho financeiro irá depender de sua capacidade de negociação e conhecimento do processo de exploração.
Ele pode ser enganado. E as formas para isso ser feito podem ser variadas. Desde a alegação, por parte das empresas, de que tiveram um custo maior do que o esperado para a abertura das estradas para a exploração, até erros propositais que podem ser inseridos no plano de manejo com o objetivo de beneficiar os compradores. Isso inclui, por exemplo, fazer cubagem para menos nas árvores que serão exploradas, assim como identificar equivocadamente as espécies de modo que predominem aquelas com valor comercial inferior.
Uma iniciativa para garantir maior ganho para proprietários de pequenas áreas florestais é o manejo florestal comunitário. As organizações às quais estes pequenos proprietários estão ligados, especialmente os sindicatos e associações rurais, têm que ter a iniciativa de buscar parcerias com instituições que possam ajudar na elaboração e aprovação de planos de manejo de exploração dos recursos florestais de seus associados. Com esses planos aprovados, o poder de barganha desses produtores na hora de discutir seus ganhos financeiros com as empresas exploradoras será bem maior. É hora de agir para mudar o cenário sombrio da exploração madeireira no Acre.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal