O vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado Acre (Sindap), Dalvani Batista, está denunciando o complexo de presídios de Cruzeiro do Sul. Superlotação de preso, estrutura predial inadequada e falta de efetivo de agentes penitenciários figuram como as principais causas das constantes fugas. Proporcionalmente, o Acre possui a maior população carcerária do país.
“Estamos sendo acusados de facilitar fugas e patrocinar torturas, quando sequer temos equipamentos para a nossa própria segurança. Estamos na ponta do problema, guarnecendo pessoas que a sociedade já rejeitou”, dispara o líder sindical. “Não basta construir presídio. É preciso repensar toda a segurança pública”, acrescentou Batista.
Com o dobro de sua capacidade, o presídio Manoel Nery da Silva seria um espaço para a reeducação e, por conseguinte, de reinserção social, mas se transformou em uma ‘universidade’ do crime. “Em um sistema de rodízio, somos apenas nove agentes, ou seja, apenas três para cada turno”, explicou o sindicalista. De uma só fez, três presos fugiram.
O sistema prisional de Cruzeiro do Sul é formado pelo próprio Manoel Nery, o “Presídio Novo” e presídio das mulheres. São 635 detentos para apenas 139 agentes penitenciários. “Não temos aquelas famosas armas taser e quase nenhum equipamento de segurança e proteção para os agentes penitenciários. A gente vive sobre constantes ameaças. Atualmente, a função de agente penitenciário é a mais estressante entre todas as profissões”, desabafa Dalvani Batista.
Outro problema apontado pelo sindicalista é o presídio feminino. “O prédio, que fica na Vila Rica, foi adaptado porque era uma residência. Temos apenas 19 agentes penitenciárias femininas para cuidar de reeducandas de Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Feijó”, relevou Batista, dizendo que houve rebeliões ainda porque os presos têm líderes.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal