João Edcarlos Costa da Silva, 43, perdeu a metade do plantel de sua granja durante a cheia do Rio Juruá. Das 5 mil galinhas poedeiras que mantinha, restaram cerca de 2500. De acordo com o criador, mais de mil aves morreram com a inundação dos galpões e outra parte ele teve que fazer doações ou vender por um preço irrisório. Com os prejuízos, Edcarlos não vê uma alternativa para reerguer o empreendimento que levou de mais de 20 anos para construir com sua família.
O produtor se tornou conhecido por João do Ovo, pelo fato de entregar diariamente cerca de 250 dúzias de ovos nos estabelecimentos comerciais. Com cinco galpões construídos em uma área mais alta da comunidade Boca do Moa, ele fazia seu negócio crescer a cada ano e jamais imaginava que um dia a fúria da natureza chegasse a afetar seus investimentos.
Mas, com as enchentes repentinas dos rios Moa e Juruá, o pequeno criador viu seu estabelecimento ser invadido pela água de forma assustadora e não teve tempo de evitar os prejuízos.
“Sai da granja à tarde de estava tudo tranquilo. Achei que logo a água ia baixar. Mas quando estava em casa meu pai me ligou às 9 da noite e disse que faltavam uns 10 centimentros para atingir os galpões. Às 11 ele ligou novamente e falou que faltavam 5 centímetros. E quando foi às cinco hora ele voltou a ligar e disse que se eu quisesse livrar alguma coisa fosse para lá pois a água já tinha invadido” – disse João.
O momento mais desesperador foi quando Edcarlos chegou ao local e se deparou com todos os compartimentos da pequena granja inundados e as galinhas praticamente flutuando nas águas. “Fiquei sem chão. Deu-me vontade de chorar. Não sabia o que fazer para resolver aquela situação de imediato. Ainda bem que liguei para o prefeito Ilderlei Cordeiro e ele me colocou à disposição alguns galpões que estavam desativados de uma granja que era de sua propriedade para que eu pudesse colocar as galinhas. Mesmo assim, não foi possível salvar tudo” – contou.
Além dos prejuízos com as aves, o criador também perdeu parte do estoque de ração e a estrutura da granja foi danificada pela correnteza. João Edcarlos não ver mais a possibilidade de voltar funcionar seu estabelecimento no mesmo local.
“Além de não ter mais estrutura para que eu possa voltar a trabalhar nos galpões, fiquei sem condições financeiras para me instalar em outro local. Até porque não tenho outra área de terra que eu possa me instalar. Não sei como vou reconstruir minha vida” – desabafa.
Com a perda de grande parte do plantel e a mudança do restante para outro local, Edcarlos viu sua produção cair subitamente. Segundo ele, as poedeiras que sobraram levantaram a postura e hoje ele só consegue colher 30 dúzias de ovos por dia.
“Essa quantidade não dá nem para tirar o dinheiro da ração para manter as que restaram” – alega João.
Tribuna do Juruá – Dejalcimar Rogério