Mesmo com o período de inverno estando apenas no início, os produtores rurais de Cruzeiro do Sul já enfrentam grandes dificuldades para se deslocar de suas comunidades. Em grande parte dos ramais os atoleiros impedem a passagem de veículos pequenos e o acesso só se torna possível em carros com tração nas quatro rodas ou em motocicletas.
Essa é realidade atual de muitas estradas por onde passa o abastecimento agrícola da segunda maior cidade do Estado do Acre. Mesmo com pouca chuva, nesse período que apenas se inicia o inverno, a lama é muita e, por falta de bueiros, em muitos locais o trânsito de veículos se torna bastante complicado.
No ramal do Bajedo de Cima, por exemplo, os moradores só tiveram condições de trafegar tranquilamente até o início deste mês. Atualmente, para se chegar ao Rio Gama, onde moram as últimas famílias que dependem da estrada, os moradores que levavam apenas 1 hora e 30 minutos no período de verão, gastam quase três horas. Se chover durante o percurso, a viagem fica mais longa e pode durar até 6 horas dependendo do tipo de veiculo.
Para ter menos problemas, o melhor jeito é não se arriscar em trafegar com veículos que não sejam apropriados para estradas de barro. Desta forma, quem pode, viaja em carros com tração nas quatro rodas, mas o meio de transporte mais viável para os produtores, talvez por ser o mais acessecível, é mesmo a motocicleta. Nesse, os tombos são inevitáveis. Não é muito difícil encontrar no meio do caminho um motociclista reclamando de queda.
Cair é um problema pequeno para quem está acostumado a levar um tombo e levantar para seguir a viagem. A maior dificuldade é para escoar os produtos que, por falta de transporte, muitas vezes se estragam antes de chegar à cidade. Com tanta dificuldades, para garantir a renda mínima para a assistência à família, os produtores das comunidades mais isoladas de Cruzeiro do Sul se obrigam a vender a safra por valores irrisórios aos atravessadores que se arriscam em adentrar nas estradas.
Tribuna do Juruá – Da redação