Todos os anos, centenas de ribeirinhos sofrem com a cheia do rio. Em condições muito simples, quase 100 famílias sobrevivem na comunidade Florianópolis, distante 30 minutos de barco do centro de Cruzeiro do Sul.
A água barrenta se contrasta com o verde da floresta na mais bela harmonia. Assim o rio Juruá ao longo dos anos tornou-se fonte de vida e desenvolvimento para milhares de pessoas, principalmente para aqueles que vivem as margens do município de Cruzeiro do Sul.
De grande importância para a região, o rio Juruá serve como hidrovia para diversas comunidades isoladas, que sobrevivem da pesca e da agricultura familiar. Mas, durante o inverno, toda esta estonteante beleza também do lugar ao sofrimento.
Com as marcas do tempo e do trabalho duro, aos 87 anos, dona Maria da Cruz nasceu no Seringal Bom Jesus e há 20 anos mora com os filhos na comunidade Florianópolis. Com o sorriso no rosto e um jeito simples no olhar, a aposentada contou a vida difícil de um ribeirinho.
“Nossa vida nunca foi fácil, Já trabalhei muito. Quando meu marido era vivo a gente planta e pescava, mas agora sou viúva e meu filho é quem me ajuda. Passamos dificuldades, mas ainda assim somos felizes com o pouco que temos”, disse.
A batalha pela vida é diária e por vezes massacrante. Antônia Gomes Maciel tem 29 anos e mais uma moradora com uma dura missão a cumprir. Há quase 1 ano, a mulher sofre com a ausência do marido, que a abandonou com os 7 filhos pequenos. Sem renda alguma, ele chora ao contar o sofrimento que tem passado.
“Meus filhos doente, precisando de comida e outras coisas e eu aqui sem poder ajudar. Não suporto mais tanto sofrimento”, desabafou a mulher.
Distantes do desenvolvimento, muitas famílias lutam por construir um lugar para morar. A maioria sem condições, improvisam casebres, enquanto sonham por um dia melhor. São sonhos simples, que se misturam no futuro incerto de tantas crianças, que ainda preservam a inocência no olhar já embrutecido pela vida difícil.
Tribuna do Juruá – Dayana Maia