A Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) divulgou na última quarta-feira(11) o laudo médico dos exames realizados no presidiário Keli Gomes de Souza, 26, encaminhado no último sábado (07) para Rio Branco com os membros inferiores adormecidos. O laudo comprovou que o preso estava infectado pela bactéria causadora da leptospirose.
Nos últimos meses cinco pessoas foram acometidas pelos mesmos sintomas, dessas, três eram presidiários, dos quais dois morreram. As outras duas pessoas que também morreram eram moradoras da comunidade Continuação, no Paraná dos Mouras. Dos cinco acometidos apenas a ultima vítima está com vida, sendo ele o presidiário Keli Gomes de Souza.
O laudo da secretaria comprova que além de Keli, a moradora da comunidade e um dos presos mortos foram também vitimados com a leptospirose. Já a primeira ocorrência está sendo diagnosticada em Belém (PA), com previsão de resultado para daqui a 60 dias.
Segundo Charles André Coordenador Regional de Saúde no Juruá todas as medidas estão sendo tomadas na penitenciária de Cruzeiro do Sul para que novos casos não venham a acontecer.
“Essa é uma doença que tem cura, mas se não tratada pode vir a acometer muitas vidas. Nós temos nos preocupado principalmente e relação a unidade prisional, a orientação é de ter a higiene maior, mas o que está causando a atração maior desses roedores é um esgoto externo que precisa ser repensado. Dentro já está sendo feita toda higienização, mas a preocupação é pela população em geral e todos precisam ter os cuidados necessários”, explicou o coordenador.
A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira presente principalmente na urina de ratos. Os principais sintomas da doença são: febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. Segundo o médico da penitenciária, Drº Teobaldo Rebouças, a sintomatologia apresentada pelos presidiários é diferente da presente nas enciclopédias.
“Os dois primeiros presidiários analisados por mim sentiam os membros inferiores adormecidos, e essa dormência ia de baixo para cima se espalhando por todo o corpo, gerando dificuldades primeiro para urinar, afetando a bexiga, em seguida para respirar, sendo necessário entubá-los. Esses sintomas remetem a uma doença do sistema neurológico, não condiz com o quadro clínico de leptospirose, devemos aguardar também os laudos do material colhido nas primeiras vítimas”, destacou o médico.
Os sintomas da doença lembram as mesmas características da síndrome de Guillain-Barré, doença caracterizada pela paralisação dos músculos, sendo essa a suspeita inicial nas investigações.
Tribuna do Juruá – Vanísia Nery