Mas até onde, nós, julgadores de supostos acusados, somos culpados pela falta de rigor e cumprimento de deveres oriundos de nosso meio?
Enquanto que os pequenos são educados na construção de condutores cidadãos do futuro mais conscientes, os adultos continuam cometendo os mesmos erros.
Se somos nós, os instituidores das leis que norteiam o meio social, porque nós mesmos também não reagimos e transformamos uma triste realidade, que todos os dias presenciamos, sem nada fazer, em um ponto de partida para que uma causa justa seja de fato transformada?
Laine de apenas 10 anos perdeu a vida. E o irmão, o garotinho Luan Lima Ferreira, de 8 anos, teve as duas pernas amputadas depois de serem brutalmentente atropelados encima de uma faixa de pedestre, por um ônibus da Empresa Real Norte.
Tragédias como esta caem sobre os ombros da sociedade como uma culpa eternamente mascarada pela omissão de um sistema falho e retrógrado.
O drama que envolve estes dois irmãos, de 8 e 10 anos, que seguiam para escola e foram fatalmente atropelados ascende um alerta vermelho: É preciso enxergar as falhas de um aparelho ineficiente.
É trágico pensar que imagens brutais como a que foi presenciada por centenas de cruzeirenses no bairro da Cohab, nessa segunda-feira, 05, continuarão a acontecer. Isso porque, as leis de trânsito garantem a certeza da lentidão excessiva nos julgamentos, seguida por penas cada vez mais brandas do que as esperadas pela sociedade ou parte dela.
É necessário mudar defasadas leis brasileiras, que continuam privilegiando os acusados e apontando as vítimas como meros coadjuvantes de um processo selvagem de morte e impunidade, a que centenas de famílias estão subjugadas.
A fragilidade das leis do Código de Trânsito Brasileiro, infelizmente hoje é vista do modo mais torto e atroz possível. O sangue que jorra pelas calçadas, acostamentos, semáforos, cruzamentos e faixas refletem a perda do direito primeiro assegurado pela constituição de nosso país _ o direito à VIDA.
Aceitar que vidas de inocentes sejam arrebatadas pela simples falta de uma consciência clara é pauta de reflexão. O espanto, agora misturado com o sutil gosto do horror e inconformação aparece no rosto daqueles que ainda relutam em não acreditar que mortes no trânsito ainda não são punidas com severidade.
Todos nós, aqui estamos no papel de espelho. Cabe a nós decidirmos o que será refletido através da prática do dia-a-dia. A escolha pode ser simples, mas as consequências podem ser eternas.
Não permitamos que nossas crianças se percam pela violência de nossos atos. O futuro depende também de nós e do modo com que lidamos com as situações do cotidiano. É tempo de mudar antes que, dentro de nós, se construa um monstro chamado INDIFERENÇA.
Tribuna do Juruá – Dayana Maia