Petróleo e gás natural do Acre serão licitados em novembro
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou a realização da 12.ª rodada de licitações de petróleo e de gás natural, com a oferta de 240 blocos exploratórios. A rodada está prevista para novembro. Os blocos estão distribuídos em sete bacias e totalizam 168.348,42 quilômetros quadrados. Do total, 110 estão nas Bacias do Acre, Parecis, São Francisco, Paraná e Parnaíba. Os outros 130 blocos ficam nas Bacias do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas. A decisão está publicada em resolução no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (07).
No início deste ano, um poço perfurado pela Petrobrás na comunidade São João, região próxima à terra indígena Poyanawa, no município de Mâncio Lima, apresentou indícios de petróleo, informou Luiz Bampa, geofísico da Georadar, empresa responsável pelos levantamentos geofísicos e contratada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Os trabalhos da agência foram executados nos municípios de Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Rodrigues Alves e Mâncio Lima, no Estado do Acre e nos municípios de Ipixuna e Guajará, no Estado do Amazonas. Há ocorrências de petróleo ou de gás natural em toda região do Vale do Juruá acreano, além dos municípios amazonenses.
Histórico – Para se chegar à conclusão de que a região tinha as condições para prospecção de gás natural e petróleo, foi preciso “trilhar um longo caminho” que incluiu levantamentos aéreos, realizados em 2007 e 2008, levantamentos geoquímicos de 2008 a 2010, e por fim o levantamento de dados de sísmica de reflexão, que terminaram no ano passado. Concluídos os trabalhos, a Georadar entregou o diagnóstico para a ANP, que foi responsável pelo estudo e fomento.
“De posse dos dados do Projeto Bacia do Acre 2D, a ANP abriu licitações para que empresas possam prospectar petróleo e gás natural”, disse Luiz Bampa.”Identificando que as estruturas no interior da bacia sedimentar são potencialmente portadora de petróleo ou gás. A prospecção é feita através de um método indireto e não invasivo. As perfurações de poços devem começar no início do próximo ano”, complementou.
Para realizar o trabalho são utilizados explosivos com fonte sísmica. “São abertos furos de quatro metros de profundidade, dentro são colocadas os cartuchos com os explosivos e espalhados sensores que registram tudo. Depois de registrados, os dados passam por um processamento sofisticado que resulta nas sessões sísmicas, que são uma imagem da subsuperfície do terreno, que serão interpretadas pela ANP”, explicou Bampa.
As perfurações dos poços podem atingir profundidades maiores que 3.000 metros. Durante a década de 70 e 80, o empresário e ex-governador Orleir Cameli forneceu equipamentos para a Petrobrás realizar trabalhos de prospecção na região. Mesmo com a ausência de equipamentos modernos, entre outras dificuldades, dois poços foram perfurados. A atual tecnologia de mapeamento permite um conhecimento cada vez maior do subsolo, o que minimiza os custos da perfuração e impactos ambientais.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal