Durante 10 dias, militares treinados para combater os crimes típicos de fronteiras (como o contrabando de armas e munições, o narcotráfico, a extração ilegal de madeira, o descaminho de mercadorias, o tráfico de pes-soas e animais silvestre e a biopirataria) realizaram a Operação Xinane. Ela se concentrou na região do Marco 29, na confluência do Rio Envira com o Igarapé Xinane, na fronteira com o Peru.
Patrulhas tentaram localizar grupos armados peruanos, que invadiram a região de proteção aos índios isolados. No mês passado, a Polícia Federal (PF) prendeu o português Joaquim Antônio Custódio Fadista na Base Xinane, da Fundação Nacional do Índio (Funai), distante cerca de 20 Km da fronteira peruana. “Ainda vamos analisar os dados e informações coletados” disse comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva (BIS), general Ubiratan Poty.
A Operação Xinane, com o apoio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), também disponibiliza médicos e enfermeiros que prestam atendimentos e distribuem remédios. A aldeia simpatia, pertencente à etnia Ashaninka, foi à comunidade beneficiada. “O Exército tem que se fazer presente nas áreas de fronteira, tanto para impor a soberania do país como para manter a integração nacional”, destacou o comandante da 4º BIS, tenente-coronel Danilo Mota Alencar.
Cerca de 200 homens, incluindo membros da Força Nacional, e 3 helicópteros (Pantera, Cougar e Black Hawk) compõem a operação, que tem por base o 4º BIS, sediado em Rio Branco. Mesmo com o encerramento das patrulhas ontem, a presença do Exército e de policiais militares vai continuar na região.
Quatro grupos de índios isolados habitam a região
Instalada há 23 dias na região, a Base Xinane já conseguiu identificar 4 grupos de índios isolados, composto por 3 povos ladeados e 1 nômade. Conhecidos pelo nome de Masko Piro, este grupo é oriundo do Peru e estaria sendo expulso da Amazônia peruana para a brasileira. Em julho, o posto avançado foi cercado e saqueado por narcotraficantes. Por conta disso, a PF aconselhou a retirada dos servidores da Funai.
Indigenistas suspeitam que os traficantes já tenham matado alguns índios. Há mais de 10 anos, o coordenador da base, José Carlos Meirelles, denuncia a migração dos nativos isolados. Com a intensa atividade madeireira no Peru e a chegada de garimpeiros atrás de ouro, algumas etnias estão em fuga para o território brasileiro protegido pela Base. Três povos já foram fotografados em uma expedição na aérea de fiscalização. As imagens rodaram o mundo, mas pouco se falou sobre as ameaças reais à sobrevivência deles.
Jorge Natal do Jornal Agazeta