Até a pílula convencional pode ser uma opção para suspender ou reduzir ciclos
POR CAROLINA SERPEJANTE
Tida como difícil e dolorosa para uma parcela das mulheres, a possibilidade de suspender a menstruação pode significar um alívio, além de ser um tratamento para algumas doenças, como miomas e cistos de ovário. Mas esse benefício não precisa se limitar a esses casos: qualquer mulher que se sente incomodada com a menstruação pode procurar um ginecologista e expor seu desejo. Pacientes com menstruação muito desconfortável, que sangram muito, têm muita cólica e TPM forte podem escolher não menstruar sem qualquer risco a sua fertilidade. “Quando o método é suspenso, o ovário retorna a seu trabalho, que é ovular, garantindo a volta da fertilidade dois a quatro meses após a parada do anticoncepcional”, afirma o ginecologista Antônio Júlio Sales Barbosa, do Hospital Santa Catarina. Segundo os especialistas, não há prejuízos orgânicos em suspender a menstruação. No entanto, vale ressaltar que não existe a necessidade de bloqueá-la em todos os casos, cabendo à mulher e ao seu ginecologista de confiança a livre escolha, independente do critério utilizado para a decisão.
Sobre os métodos que interrompem a menstruação, existem diversas formas com diferentes indicações. Se você está considerando interromper a menstruação, converse com seu médico e conheça aqui as maneiras de suspender ou diminuir o fluxo menstrual, seus efeitos colaterais e qual combina mais com seu perfil:
Pílulas anticoncepcionais sem interrupção
A pílula anticoncepcional é utilizada para inibir a fertilidade da mulher e ajuda a regular a menstruação, entre outros benefícios. Normalmente, é utilizada durante três semanas havendo um intervalo de sete dias, no qual ocorre a menstruação – mas você pode emendar as cartelas e interromper os sangramentos. Para suspender a menstruação, você pode usar tanto pílulas comuns quanto especiais – a escolha dependerá de como o seu organismo reage a cada opção. As pílulas comuns combinam os hormônios progesterona e estrógeno, enquanto as especiais são feitas especificamente para quem não deseja menstruar, e podem carregar apenas um desses hormônios. “Quando bem indicadas e acompanhadas por um profissional, apresentam os mesmos riscos da pílula cíclica, ou seja, seu uso contínuo não apresenta nenhum efeito colateral diferenciado”, afirma a endocrinologista Dolores Pardini, do departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Não é preciso fazer a pausa na pílula a cada três meses para menstruar. O sangramento da pausa da pílula é meramente artificial e só acontece porque, enquanto a mulher recebe a carga hormonal vinda da pílula, o endométrio vai se espessando. “Quando há a retirada dos hormônios (estrogênio e progesterona), há o a descamação do endométrio e, logo, o sangramento”, explica o ginecologista Antônio Júlio Sales Barbosa, do Hospital Santa Catarina. “Mas isso é um processo artificial, já que o hormônio vem da pílula.” Ao contrário do que pode se pensar, o endométrio não continuará se espessando com o tempo de uso do método hormonal. Segundo a ginecologista Carolina Ambrogini, da Unifesp, a progesterona acabará atrofiando o endométrio, e a única consequência disso é a diminuição do fluxo menstrual.
Entretanto, é essencial que haja o acompanhamento médico antes da mulher começar a emendar as cartelas. “Há o risco dela ingerir uma dose elevada dos hormônios, ocasionando problemas como pressão alta, alterações venosas e problemas de coagulação no sangue”, diz a ginecologista Caroline Alexandra Pereira de Souza, especialista em reprodução humana e endoscopia ginecológica da Clínica BMS, em São Paulo. Esse método, inclusive, não pode ser utilizado por mulheres com problemas de coagulação, já que as pílulas podem levar à trombose.