Deputado percorre trecho alagado da BR 364 e diz que os políticos ainda não perceberam a extensão do desastre
O deputado Moisés Diniz (PCdoB) saiu as 6 da manhã desse sábado e percorreu o trecho alagado da BR 364, incluindo uma viagem de três horas de balsa, ida e volta no rio Abunã.
“Encontrei caminhoneiros que chegaram quinta-feira no lado de lá do Abunã e somente hoje (sábado) estavam conseguindo a sua vez de embarcar na balsa”, informou Moisés.
O parlamentar diz que presenciou uma máquina pesada puxar todos os grandes caminhões, um a um, na saída da balsa, provocando uma justa irritação dos caminhoneiros.
“Se essa enchente persistir por mais algumas semanas, como preveem as autoridades da área, precisamos organizar uma logística mais humanitária para aqueles motoristas”, argumentou.
O deputado diz que os caminhoneiros pediram que o Exército disponibilize caminhões para guiar os motoristas nos trechos alagados, devido a possibilidade de se abrirem crateras com a força das águas.
O parlamentar vai sugerir que se instale banheiros químicos nas regiões de longa espera, nos pontos de desembarque das balsas e nos dois eixos do alagamento, e também uma estrutura de apoio à saúde dos caminhoneiros.
“Aqueles homens ficam dois, três dias, sem um lugar digno para nada, sem apoio nenhum. O único apoio que eles têm é a sua força de vontade e o seu heroísmo”, reclamou o parlamentar.
Moisés diz que haverá incalculáveis prejuízos, tanto na região da enchente como no Acre, e que é preciso sair do achismo de que tudo é culpa da natureza.
“A enchente de 2014 já saiu da curva histórica faz tempo. A enchente do Madeira de 1982 atingiu 17,15 metros, a de 1986 atingiu 17,25 metros, a de 1987 atingiu 17,51 metros. Hoje, a enchente do Madeira já está em 18,90 metros, com 1,39 metros a mais. Tem algo errado”, explica.
O parlamentar explica que é preciso investigar também a construção da BR 364, no trecho Porto Velho – Rio Branco, já que enchentes anteriores indicavam que o leito da estrada precisava de um nível seguro, com aterros mais altos nas regiões próximas dos rios.
“Nós vamos pedir também, através da bancada federal, a cópia do projeto da construção da ponte sobre o rio Madeira. Começo a desconfiar de que, se não fosse essa enchente, iam construir uma ponte de 250 milhões de reais abaixo do nível ideal”, argumenta.
O deputado diz que a única coisa que o animou foi ver caminhões saindo do Acre carregados com produtos como castanha, madeira, carne, banana e peixe.
Assessoria