Pergunta que não quer calar: existem defensores públicos e advogados sendo investigados ou denunciados pela Delivery, a operação que identificou uma extensa rede de exploração de prostituição de mulheres adultas e adolescentes no Acre?
– A lista da operação é uma bomba de 50 mil megatons – afirmou na semana passada o desembargador Pedro Ranzi.
– Como mulher, me sinto enojada ao tomar conhecimento das provas que constam nos autos – completou a desembargadora Denise Bonfim.
Nos últimos dias, a Associação dos Defensores Públicos do Acre e a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil se articularam e manifestaram críticas contra a atuação do Ministério Público, Polícia Civil, Justiça e imprensa.
– É espantoso e preocupante que mesmo sob o manto do sigilo judicial, os investigados tenham seus nomes e suas imagens amplamente divulgados pela imprensa, citadas inclusive as fontes fornecedoras dos dados, ao mesmo tempo em que, contraditoriamente, Advogados formalmente constituídos se valiam de reclamações na Corregedoria-Geral de Justiça para ter acesso aos respectivos autos – diz trecho da nota da OAB em relação a dois fazendeiros foragidos da Justiça.
A OAB esquece que o tal segredo de justiça é para proteger a dignidade das menores que foram exploradas sexualmente e não a imagem dos criminosos – empresários, políticos, advogados, secretários de estado e até membros da Justiça e do Ministério Público.
Portanto, o sigilo judicial para proteger vítimas pobres não pode ser usado para blindar exploradores influentes e abastados.
Outra pergunta que não quer calar: o Ministério Público, a Secretaria de Polícia Civil, o Judiciário e as organizações de defesa de direitos humanos vão calar diante do pedido de silêncio que defensores públicos e advogados estão a exigir em relação aos investigados e denunciados da Delivery?
– A lista da Delivery inclui brancos, ruivos, pretos, fumantes, cheirantes etc. Pode-se até dizer que os fazendeiros Assuero Veronez e Adálio Cordeiro são fichinhas – afirma advogado com acesso ao processo.
Caso a operação abafa suplante a Delivery, espera-se que a imprensa cumpra o seu papel. Afinal, jornalista que se preza não respeita segredo se justiça.
Fonte: Blog do Altino