No Acre quando termina uma eleição já se começa outra. A disputa pelos cargos de governador e senador virou uma carnificina. E o mais degradante é que, nos dois campos, os gladiadores se enfrentam entre si, num vale-tudo, onde “do pescoço pra baixo tudo é canela”.
O mais aterrorizador: não existem causas e/ou projetos. É uma nefasta briga do poder pelo poder. Alguém poderia citar o projeto político da oposição? Eu, que acompanho política há 25 anos, não conheço. E o PT? O que vocês acham daquele engodo chamado florestania? E o projeto de industrialização do atual governo? Alguém poderia citar o nome de uma empresa instalada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
Somos um estado paupérrimo [o pior PIB do País], que ainda se dá ao luxo de pagar pensões a ex-governadores e formar uma casta de novos ricos. De acordo com o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Getúlio Vargas amargamos os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), saneamento básico, renda per capita, analfabetismo e expectativa de vida. Diante desse quadro, vejam o que querem ou propõem os candidatos majoritários nas eleições de 2014.
Tião Viana (PT) – Candidato natural à reeleição. Tornou a máquina pública uma extensão dos interesses de sua família e amigos. Não tem um único indiciado na Operação G-7 que não seja próximo a ele. É atencioso, generoso e truculento ao mesmo tempo, o que bem o caracteriza como um coronel de barraco. Perdeu parte do controle dos movimentos sociais, notadamente o sindical e ambiental. Para defender seu projeto de poder, ele e o irmão, o senador Jorge Viana, tenta desqualificar as instituições mais respeitadas da Nação como o Ministério Público Federal (MPF) Polícia Federal (PF), Tribunal de Contas da União (TCU), Supremo Tribunal Federal (STF) e IBGE. Está última por causa da divulgação de estatísticas nada favoráveis ao seu governo. Mesmo com o estado “quebrado” e os escândalos, ainda figura como principal favorito para a eleição de governador.
Aníbal Diniz (PT) – Conhecido no submundo como “Boca de Lobo”, mantém uma fidelidade canina aos irmãos Viana. É escalado para as missões mais inglórias como atacar as desembargadoras Maria Cezarinete e Denise Bonfm. Senador “canguru” está envolvido até a medula nos negócio obscuros do atual sistema de poder. Mesmo sem discurso e votos, será candidato contando apenas com a força da máquina pública.
Perpétua Almeida (PC do B) – Militou no movimento comunitário e sindical. Sindicalista, vereadora e deputada federal, Perpétua esteve em alta enquanto lutava por causas populares. Como a chegada ao poder dos partidos tidos como progressista, não consegue mais se destacar entre seus pares. Há três mandatos integra a bancada do baixo clero. Há mais de uma década alimenta o sonho de elevar as pensões dos soldados da borracha. O sonho que virou pesadelo os arigós octogenários. Por não ter maiores espaços entre cardeais petistas, de quando em vez ameaça uma ruptura, mas sempre volta ao ninho das cobras. Tudo leva a crer que, desta vez, manterá a palavra. Ela pleiteia a vaga do Senado.
Henrique Afonso (PV)- De trajetória muito parecida com sua conterrânea, o deputado já foi comunista, petista e agora é verde. Se o Henrique tem uma histórica luta pelos menos favorecidos, as instabilidades política e emocional também são suas marcas registradas. O seu mandato nunca se propôs ou discutiu os grandes temas nacionais, restringindo-se apenas a ações no tocante à família e aos valores cristãos. Juntamente com seu partido, nunca ao menos tentou criar ou se incorporar a partidos e personalidade para formar uma alternativa política para o Acre. É um eterno apoiador do nefasto projeto de poder fascista-vianista. É candidato ao Senado.
Gladson Cameli (PP) – Por ser articulado com a cúpula nacional de sua legenda, foi o campeão na liberação de emendas parlamentares. Mesmo com pouca experiência (está no 2º mandato), consegue seus pleitos junto aos ministérios. É o melhor deputado da bancada acreana. A articulação, o carisma e o espólio político herdado de seu tio, o ex-governador Orleir Cameli, faz do jovem parlamentar o principal postulante à vaga de senador nas próximas eleições. Alguns defendem a sua candidatura ao governo do Estado.
Tião Bocalom (PSDB) – Mesmo com as excelentes votações nas últimas eleições (governo e prefeitura) e a conseqüente memória eleitoral, ele está sendo tratado como um pária dentro da sua própria legenda, o PSDB. Apesar dos desgastes e limitações, Bocalom é o que de melhor a oposição pode oferecer. O seu principal adversário é o ambicioso Márcio Bittar, que retirou seus espaços, obrigando-o a sair do partido. Deve se filiar ao DEM e ser candidato a senador.
Sérgio Petecão (PSD)- Chegou ao cargo de senador por falta de opções. Quis aferir seu “prestígio” nas eleições municipais na Capital. Seu candidato, o Fernando Melo, tirou um pouco mais de 4% dos votos. Está obcecado para ser candidato a governador. Sem um discurso político e apenas com piadas e improvisos, deve repetir a votação de seu pupilo.
Márcio Bittar (PSDB) – Virtual candidato ao governo do Estado, ele é um dos políticos mais argutos. Tem um discurso aprumado, embora lhe falte conteúdo político. É conhecido por sua capacidade de desagradar a oposição. Jacta-se em ser o único deputado de oposição no Acre e em Brasília, mas moderou seu discurso no tocante às críticas ao atual governo. O seu sonho é ver Gladson Cameli candidato a governador para postular a vaga de senador. Sabe tanto que é difícil concorrer com TiãoViana que lançou a Mulher, Márcia Bittar, candidata a deputada federal, pois, se perder a eleição de governador, ainda manterá um pequeno naco de poder.
Artigo
Tribuna do Juruá – Jorge Natal