O movimento que tomou conta do Brasil é horizontal e espontâneo. O jovem não depende do adulto para achar o seu espaço e a sua forma de intervir na sociedade. Ele é protagonista. É característica da juventude a vitalidade para realizar diversos sonhos. Ao invés de ficar de braços cruzados, o jovem pode ser o agente de seus objetivos e dos coletivos. Nas últimas manifestações por todo o Brasil, a juventude tem engrossado a multidão que vai às ruas. E faz a diferença com pessoas de todas as idades.
Os milhares de manifestantes que marcham estão divorciados dos partidos políticos. Nenhuma legenda conseguiu ainda capitalizar a seu favor os protestos. Por essa razão, torna-se imprevisível o desfecho do movimento. Mas o que está acontecendo no Brasil?
O que começou como protesto contra o aumento nas tarifas dos transportes públicos se transformou em atos republicanos. A exemplo das manifestações de Paris, em 1968, os jovens estão quebrando paradigmas. Manifestações dessa magnitude só aconteceram em 1992, contra o então presidente Fernando Collor.
Elas simbolizam toda a indignação do povo brasileiro contra o desperdício do dinheiro público em corrupção, corporativismo e incompetência. É revoltante saber que o Brasil, um dos países que mais gera riquezas anualmente, arrecadando em impostos, exportações, pouco devolve para seus legítimos donos. Uma pequena parte do orçamento público seria suficiente para acabar com a pobreza. Isso só não é levado a cabo por falta de vontade política.
É maravilhoso ver a multidão tomando as ruas e praças para exercer o seu direito de manifestar-se. Sobretudo se for uma manifestação pacífica e livre, independente de bandeiras partidárias, de políticos oportunistas e seus discursos vazios. O povo reconheceu o seu verdadeiro poder. É a hora de mostrar-se indignado.
A Avenida Paulista e a Candelária, corações simbólicos do capitalismo tupiniquim e espaço público por excelência do Brasil urbano, começam a entrar em linha com os novos ventos da construção de uma nova cidade e cidadania. Istambul tem reflexo aqui e vice versa.
Os gritos de descontentamento são contra o governo, o uso do dinheiro público nas obras da Copa, a PEC 37, a corrupção, e a favor de melhorias no transporte público, na saúde e na educação. Já se fala em greve geral e fora Dilma. Em que vai dar tudo isso ainda não sabemos. Mas sabemos, sim, da importância da mobilização da juventude ocupando espaços públicos. O PT ganhou o Palácio do Planalto em 2002 com amplo apoio das ruas. Pode cair da mesma forma.