A formatura acontece no final de 2013
Este ano a 1ª Turma do Curso de Formação Docentes para Indígenas da Universidade Federal do Acre (Ufac) irá concluir sua formação. A luta dos povos indígenas e representações indigenistas, de formar os professores que atuam nas aldeias está se tornando uma realidade. Os 52 acadêmicos da 1ª e 2° Turmas de docentes indígenas do Acre, chegam ao estágio final de formação.
Durante as duas próximas semanas será realizado no Campus Floresta, da Universidade Federal do Acre, a apresentação dos Trabalhos de Conclusão do Curso(TCC). Os acadêmicos passam por uma banca examinadora, que avalia o trabalho desenvolvido no decorrer dos estudos. A banca é composta, por professores, mestres e doutores da Ufac e de outras instituições e/ou representantes dos movimentos indigenistas, assim como por pessoas de notório saber que pertencem aos povos indígenas representados no curso.
“ Cada povo tem sua arte, sua cultura, sua língua, sua forma diferente, e assim cada um escolheu seu tema para trabalhar. Temos que entender a cultura de cada um, sem que as culturas se enfrentem”, relatou a acadêmica e coordenadora da Organização de Professores Indígenas do Acre ( Opiac), Francisca Arara.
Durante as pesquisas os acadêmicos, que já atuam como professores na educação escolar indígena, abordaram diferentes temas relacionados às demandas e projetos de suas comunidades. Foram orientados de acordo com as áreas em que serão habilitados, sendo elas: Ciências Sociais e Humanidade, Ciências da Natureza e Linguagens e Artes.
O acadêmico Valdo Fernandes, do povo Kaxinawá, abordou no seu TCC a história tradicional de seu povo. Durante as pesquisas, ele explicou que conheceu muitas histórias com os mais velhos da aldeia.
“Existe muitas coisas que somente os velhos do nosso povo sabem, e nós temos que buscar esses conhecimentos. O tema que eu defendi foi a história tradicional do meu povo. Pesquisei com os velhos, e tudo que está sendo esquecido pelos jovens será resgatado. É importante fazer isso pois estamos fortalecendo a cultura do nosso povo”, mencionou.
Os temas são escolhidos pelos acadêmicos a partir do 2º ano de estudo. A partir de então são desenvolvidos os projetos de pesquisa. Segundo a coordenadora do curso, Valquíria Garrote, os trabalhos desenvolvidos pelos acadêmicos podem se tornar materiais didáticos, e que podem ser utilizados nas escolas, sendo uma essa, das grandes demandas das escolas indígenas.
“São vários tipos de pesquisa que tem ligação com os projetos da comunidade, com as demandas das comunidades, dentro de um contexto maior, onde há o registro de suas culturas, de suas tradições, nas quais também são abordados temas que realizam análises e discussões sobre como os povos se posicionam frente as questões socioambientais impostas pelo contexto atual”, abordou a coordenadora do curso, Valquíria Garrote.
O Curso de Formação Docente para Indígenas iniciou no 2º semestre de 2008 com a primeira turma e em 2009 a 2ª turma ingressa na Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul. O curso conta com 5 docentes, além de contar com outros professores da área convidados do Campus de Rio Branco e outras Instituições de Ensino Superior.
Tribuna do Juruá – Vanísia Nery