O consultor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustírveis (ANP), Newton Reis Monteiro, ex-diretor do órgão e uma das principais autoridades do país no assunto, disse que 11 poços exploratórios da Bacia do Acre, na região do Juruá, irão a leilão em novembro. Ele ministrou palestra em Rio Branco na qual anunciou que qualquer empresário local, para entrar no negócio, terá que desembolsar, inicialmente, no mínimo R$ 60 milhões.
Para se ter uma idéia, apenas a perfuração de um poço o custa R$ 12 milhões. Com os equipamentos, como um separador, bombas e estação de coleta, o valor chega a R$ 70 milhões. Os valores são totalmente fora da realidade do empresariado acreano, que vive numa crise profunda. “Não tenho pano pras mangas”, disse um empresário acreano, convidado para a palestra.
Em agosto, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou a realização da 12.ª rodada de licitações de petróleo e de gás natural, com a oferta de 240 blocos exploratórios. Os blocos estão distribuídos em sete bacias e totalizam 168.348,42 quilômetros quadrados. Do total, 110 estão nas Bacias do Acre, Parecis, São Francisco, Paraná e Parnaíba. Os outros 130 blocos ficam nas Bacias do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas.
No início deste ano, um poço perfurado pela Petrobrás na comunidade São João, região próxima à terra indígena Poyanawa, no município de Mâncio Lima, apresentou indícios de petróleo. O representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) na região, Luiz Nukini, vê com desconfiança a exploração de hidrocarbonetos em terras indígenas. “Nunca nos chamaram para conversar”, revela ele.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal