Com uma enorme área sob sua jurisdição, a Marinha do Brasil está presente no Acre através de sua Capitania dos Portos, que é responsável pela segurança da navegação tanto nos rios do Acre como do Amazonas. O comandante é o Capitão-Tenente Claudenilson dos Santos Viana, que fez uma avaliação dos nove meses de instalação da instituição no município, como também deu uma passada em outros assuntos ligados à atividade portuária.
O comandante disse que vai seguir a política de integração entre a Marinha do Brasil, através da Agência Fluvial, com a comunidade local, porque, a seu ver, essa é a forma mais perfeita de se conviver harmonicamente com a população. “Este é um momento histórico para mim e para esta região, que vai ter uma navegação mais segura. Vamos formar parcerias com os órgãos públicos e instituições para levar cursos gratuitos à população”, garantiu Viana.
Localizado na margem esquerda do rio Juruá, no bairro Remanso, o prédio foi construído com arquitetura moderna e sustentável, tendo como destaque, o seu telhado ecológico. Ao todo são 380 m² de área construída, com 20 compartimentos, incluindo uma sala de aula moderna para realização de cursos do ensino profissional marítimo. Veja os principais trechos da entrevista:
Tribuna do Juruá – Quando a agência da Capitania dos Portos, da Marinha, instalou-se em Cruzeiro do Sul?
Capitão-Tenente Viana – Foi ativada no dia 4 de dezembro de 2012. Foi um ato bastante prestigiado pelas autoridades da Marinha do Brasil, do município e população em geral.
Tribuna do Juruá – Qual seu objetivo na região?
Capitão-Tenente Viana- Inicialmente, a presença da Marinha será de orientação e educação para o cumprimento das normas da autoridade marítima, provendo aos navegantes uma navegação segura, prevenindo-se da poluição hídrica e promovendo a proteção da vida humana nos rios e igarapés. Como exemplo, podemos citar alguns dos serviços prestados por esta Agência Fluvial: fiscalização do tráfego aquaviário; registros das embarcações; cursos para habilitação dos profissionais que trabalham embarcados.
A ação de presença desta Agência abrangerá Cruzeiro do Sul, municípios e comunidades adjacentes, compreendida à descida do rio Juruá, até o município de Ipixuna e, subindo o mesmo rio, até o município de Marechal Thaumaturgo.
Tribuna do Juruá – Por que a Capitania veio para Cruzeiro do Sul?
Capitão-Tenente Viana – A presença da Marinha em Cruzeiro do Sul é um antigo sonho das autoridades do governo e sociedade local, especialmente dos comerciantes proprietários de balsas e barcos em geral, que anteriormente necessitavam se deslocar para Eirunepé-AM, a fim de utilizar-se dos serviços que agora são feitos aqui mesmo.
Tribuna do Juruá – Qual trabalho está sendo feito agora?
Capitão-Tenente Viana – A partir da ativação da Agência, os trabalhos realizados são primordialmente a fiscalização do tráfego aquaviário, o registro das embarcações, além das orientações no que se referem ao uso dos equipamentos de salvatagens, tais como coletes salva vidas, extintores de incêndio e, sobretudo, na conscientização dos navegantes para uma navegação sempre segura, de modo a evitar acidentes.
Tribuna do Juruá – Qual o foco da Marinha para com os ribeirinhos e barqueiros neste primeiro momento?
Capitão-Tenente Viana – Tanto para os ribeirinhos quanto para os barqueiros em geral as instruções pautam-se principalmente para que eles façam uma navegação com bastante segurança. Nas ocasiões da fiscalização, por exemplo, são passadas as orientações quanto à importância do uso do colete salva vidas, assim como coibimos os excessos de peso nos barcos, o estado de conservação das embarcações e seus materiais de salvatagens, além da verificação da documentação dos tripulantes e da própria embarcação perante a Marinha.
Tribuna do Juruá – A Marinha vai aplicar algum tipo de cursos aos barqueiros?
Capitão-Tenente Viana – Sim. Haverá cursos para habilitação dos profissionais que trabalham embarcados e também para aqueles que usam embarcações para o lazer. Ao final de cada curso, as carteiras serão providas por aqui mesmo.
Tribuna do Juruá – Já houve algum barco que foi parado de seguir viagem por excesso de lotação?
Capitão-Tenente Viana – Sim. Foi no final de dezembro do ano passado, duas ocorrências aconteceram. Na ocasião, a fiscalização determinou que os responsáveis a bordo das embarcações retirassem o excesso de carga. O acatamento foi imediato e com aprovação dos passageiros.
Tribuna do Juruá – Os postos de combustível fluviais também estão sendo fiscalizados?
Capitão-Tenente Viana – Nesse tipo de embarcação foi verificado que, dos quatro existentes, algum não são registrados na Marinha. Foi constatado, ainda, a falta de itens de segurança como, por exemplo, extintores de incêndio e de barreiras de contenção para um eventual acidente de derramamento de óleo no rio. Até que se adequem, em caso de alguma emergência de derramamento de óleo no rio, há em Cruzeiro do Sul, um Centro de Defesa Ambiental integrado à Petrobras, que poderá entrar em ação nesses casos. No entanto, o serviço é indenizável, conforme informações daquele Centro. Os proprietários dos postos de gasolina flutuantes estão devidamente orientados para utilizarem-se do apoio do mencionado Centro de Defesa Ambiental em caso de emergência hídrica.
Tribuna do Juruá – O que é exigido para eles funcionarem?
Capitão-Tenente Viana – Primeiramente, a licença da Agência Nacional de Petróleo (ANP), equipamentos de combate a incêndio, barreiras de contenção e placas com dizeres de “proibido fumar”, a qual adverte sobre a presença de líquidos inflamáveis e o documento de registro na Marinha, semelhante ao exigido noutras embarcações.
Tribuna do Juruá – Que tipo de risco ele oferecem para ao rio e às pessoas?
Capitão-Tenente Viana – Pode haver incêndio seguido de explosão, além da poluição do rio em caso de derramamento de óleo ou gasolina.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal