Faltando um pouco mais de um ano para a disputa eleitoral, cinco candidatos ao cargo máximo do Estado estão colocando seus nomes para ser apreciados pelo eleitor. As eleições do ano que vem terão um ingrediente diferente: o Brasil atravessa a pior crise de representatividade de toda a sua história. De cada dez pessoas indagadas sobre política, nove dizem que é “coisa para bandido”.
As manifestações sociais que inundaram as ruas do Brasil, em julho deste ano, são uma prova cabal disso. Organizadas pelo poder mobilizador das redes sociais, é um importante sintoma político que aponta um vigor da sociedade civil contra o Estado. Contudo, não tentemos compreender depressa demais este fenômeno, nem sobre ele depositar exagerada confiança, pois lhe falta consistência ideológica.
A crise também atinge as instituições. Criado a partir da Constituinte de 1988, o Ministério Público Estadual (MPE), por exemplo, está perdendo a sua função precípua, como diz a Carta. Gradativamente, está deixando de ser o guardião das leis e defensor da sociedade. O órgão acreano, em particular, transformou-se em uma correia de transmissão do poder Executivo, chegando ao ponto de condecorar administradores notadamente corruptos.
Os poucos órgãos e instituições que gozam de prestígio na sociedade, o PT tenta jogar na mesma vala comum. É só refletir sobre os constantes ataques ao Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal (STF).
No Acre, quando termina uma eleição, já se começa outra. A disputa pelos cargos majoritários [Governo e Senado] virou uma carnificina. E o mais degradante é que, nos dois campos, os gladiadores se enfrentam entre si, num vale-tudo, onde “do pescoço pra baixo tudo é canela”.
O mais aterrorizador: não existem causas e/ou projetos. É uma nefasta briga do poder pelo poder. Alguém poderia citar o projeto político da oposição? Acompanho política há 25 anos e não conheço. E o PT? O que vocês acham daquele engodo chamado florestania? E o projeto de industrialização do atual governo? Alguém poderia citar o nome de uma empresa instalada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
Somos um estado paupérrimo [o pior PIB do país], que ainda se dá ao luxo de pagar pensões a ex-governadores e formar uma casta de novos ricos. De acordo com o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), amargamos os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), saneamento básico, renda per capita, analfabetismo e expectativa de vida. Diante desse quadro, vejam o que querem ou propõem os candidatos a governador nas eleições de 2014.
Tião Viana (PT) – É candidato natural à reeleição. Faz campanha deste que tomou posse. Transformou a máquina pública em uma extensão dos interesses de sua família e amigos. Não tem um único indiciado na Operação G-7 que não seja próximo a ele. É atencioso, generoso e truculento ao mesmo tempo, o que bem o caracteriza como um coronel de barraco. Perdeu parte do controle dos movimentos sociais, notadamente o sindical e ambiental. Para defender seu projeto de poder, ele e o irmão, o senador Jorge Viana, tenta desqualificar as instituições mais respeitadas da Nação. Odeia o IBGE. Motivo: a divulgação de estatísticas nada favoráveis ao seu governo. Recentemente, trouxe o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva para tentar resgatar um pouco de credibilidade. Mesmo com o Estado “quebrado” e recheado de escândalos, ainda figura como principal favorito para a eleição de governador.
Sérgio Petecão (PSD) – Acha que pode resolver os problemas do Estado e da nossa gente com piadas e improvisos. Quando ele vai entender que a sua eleição majoritária foi por causa do voto útil, ou seja, o voto de protesto. Os 4% do Fernando Melo, nas eleições de 2012, não foram suficientes para ele entender isso.
Aliás, Petecão não tem moral pra falar em oposição porque mamou nas tetas do poder quando estava na Assembléia Legislativa. Sem contar que cometeu ilícitos, apropriando-se dos salários de assessores, o que lhe rendeu inquéritos e investigações dos órgãos de controle. E o que é pior: estuprou a Constituição e o Regimento Interno para permanecer oito anos consecutivos na presidência da “Casa”.
Quis aferir seu “prestígio” nas eleições municipais na Capital. Seu candidato, o Fernando Melo, além de dividir a oposição, não teve votação pífia. Está obcecado para ser candidato a governador. Sem um discurso político qualquer espécie de proposta, deve repetir a votação de seu pupilo.
Márcio Bittar (PSDB) – Virtual candidato ao governo do Estado, ele é um dos políticos mais argutos. Tem um discurso aprumado, embora lhe falte conteúdo político. É conhecido por sua capacidade de desagradar a oposição. Jacta-se em ser o único deputado de oposição do Acre em Brasília, mas moderou seu discurso no tocante às críticas ao atual governo. O seu sonho é ver Gladson Cameli como candidato ao governo para postular a vaga de senador. Sabe tanto que é difícil concorrer com TiãoViana que lançou a mulher, Márcia Bittar, candidata a deputada federal, pois, se perder a eleição de governador, ainda manterá um pequeno naco de poder.
Ele é aquele deputado cujo irmão esteve envolvido num dos maiores esquemas de corrupção já registrados na história do Acre – a famigerada conta “Flávio Nogueira”. Será que a carreira política desse moço não se beneficiou desses recursos? O seu discurso se assemelha muito, mas muito mesmo, com a de outro parlamentar que já governou o Acre.
Também é conhecido como o Ovo da Serpente. Por quê? Sabemos apenas quem o apelidou, no caso o ex-deputado e empresário Narciso Mendes, nos idos tempos do MDA. Pode ser o mal na iminência de eclodir. Também existem fortes indícios de que é algo inconfiável, que trai, usa e descartar aliados e amigos, além de ter uma ambição desmedida e desproporcional ao seu talento.
Henrique Afonso (PV) – Deputado federal já no terceiro mandato foi comunista, petista e agora é verde. Se Henrique tem uma história de luta em favor dos desvalidos, as instabilidades política e emocional também são suas marcas registradas. O seu mandato nunca se propôs ou discutiu os grandes temas nacionais, restringindo-se apenas a ações no tocante à família e aos valores cristãos. Juntamente com seu partido, ao menos tentou criar ou se incorporar a partidos e personalidade para formar uma alternativa política para o Acre.
Mesmo fazendo um mandato praticamente temático, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) o considera como um dos deputados mais atuantes no Congresso Nacional. Henrique Afonso não uma única mácula em sua trajetória política. Além de uma boa formação intelectual, tem boa capacidade de articulação e capital político acumulado. Os setores mais esclarecidos da população simpatizam com o seu nome para governador.
Tião Bocalom (DEM) – Acabou de deixar o ninho tucano e deve ser candidato a governador pelo DEM. Mesmo com as excelentes votações nas últimas eleições (governo e prefeitura) e a conseqüente memória eleitoral, ele estava sendo tratado como um pária no PSDB. Apesar dos desgastes e algumas limitações, Bocalom é o que de melhor a oposição pode oferecer. O seu principal adversário é o ambicioso Márcio Bittar, que retirou todos seus espaços, obrigando-o a deixar o partido.
Tribuna do Juruá – Jorge Natal