Se não existe nenhuma nação que se desenvolveu sem investir maciçamente em educação, o que se pode dizer de um município cravado numa das regiões mais remotas do Brasil?
Além dos repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), a Prefeitura de Cruzeiro do Sul investe 25% de sua arrecadação com a Secretaria de Educação, tornando-a uma prioridade na administração do prefeito Vagner Sales.
Depois de herdar a desastrada administração da ex-prefeita Zila Bezerra, a equipe técnica da Prefeitura de Cruzeiro do Sul se deparou com a seguinte situação: profissionais desmotivados, crianças fora da sala de aula, repartições e escolas em ruinas e sem equipamentos e evasão escolar. “Terminado o levantamento, fizemos o planejamento estratégico e definimos algumas prioridades como a aquisição de equipamentos e as construções e reformas de escolas para a ampliação de vagas, que é uma das exigências do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)”, citou o secretario o titular da Pasta, Ivo Galvão.
Em pouco mais de quatro anos, a prefeitura construiu 51 escolas, elevando de 7.300 para 10.000 o número de alunos da rede municipal. “E não vamos parar por aí. Onde tiver uma escola precisando de reforma, ou alunos precisando estudar vamos garantir as condições para isso, desde um prédio digno, transporte, merenda e material escolar para o pleno o exercício do magistério”, garantiu o prefeito Vagner Sales.
Os investimentos também se estendem à valorização profissional e à conseqüente melhoria da qualidade do ensino. No que tocante ao que vem acontecendo em vários municípios acreanos e em nível de estado, onde o descaso com o funcionalismo público levou desencadeamento de uma greve, em Cruzeiro do Sul a prefeitura tem conseguido estabelecer uma política de diálogos e valorização dos servidores. Sem isso não haveria qualidade no ensino. Conclusão: aumento salarial que varia entre 6 a 16% evitando, assim, prejuízos ao ano letivo. O prefeito participou diretamente das negociações dando apoio à categoria e concedendo aumento acima dos índices inflacionários.
Escolas na zona rural
Somente no primeiro semestre deste ano, a prefeitura construiu mais seis novas escolas na área rural do município (confira quadro abaixo). “Uma das nossas maiores conquistas está em investir nos profissionais e na melhoria da educação. Nos profissionais temos trabalhado na formação em todas as áreas (professores e administrativos), habilitando-os para o desempenho satisfatório de suas funções e dotando-lhes de condições de trabalho”, disse o secretário. “Quando assumimos, em 2009, recebíamos ofícios escritos à mão”, exemplificou.
Novas escolas estregues:
Nome | Comunidade | Clientela |
Escola Arthur Lebre | Rio Campinas | 40 |
Escola Oscar Alves Jucá | Ramal 5 | 60 |
Escola Marliz Sampaio | Ramal da Buritirana | 20 |
Creche Andorinha | Ramal Mariana de Baixo | 20 |
Escola São Cristóvão | Comunidade São Cristóvão | 20 |
Escola Marechal Hermes | Rio Juruá Mirim | 35 |
Escola de informática atende quase 800 alunos
Com a inauguração da Escola de Informática, no prédio Samambaia, Vagner Sales, além de cumprir um compromisso de campanha, fez história: a instituição é a primeira escola municipal de informática do Acre. Com sede própria, o empreendimento atende, em três turnos, cerca de 800 alunos de diversas faixas etárias, inclusive pessoas da terceira idade.
“Trata-se de uma escola desafiadora, já que não existe um projeto ousado como este no Acre. Tudo de forma gratuita. Não é uma conquista do prefeito ou do secretário. O dono é o povo, que soube escolher um gestor com a sensibilidade de Vagner Sales”, diz Galvão.
No rol das aquisições da nova estrutura estão 80 máquinas de última geração. Como caráter cidadão, o objetivo é erradicar o analfabetismo digital no município, além de preparar a juventude para ingressar no mercado de trabalho.
Um Sonho
Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), com especialização em gestão escolar, Ivo Galvão, 49, sonha com uma educação de qualidade capaz de tirar o país do atraso e melhorar a vida da maioria dos brasileiros. Ele defende que seja destinado 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. Nenhum país desenvolvido, segundo Galvão, alcançou esse estágio sem investir pelo menos de 8% do PIB em educação. “Estamos acima de todos os indicadores de qualidade de educação e oferta de vagas, ou seja, Cruzeiro do Sul começa a se tornar uma pequena ilha de excelência quando o assunto é educação”.
No que tange às políticas educacionais, o secretário critica alguns critérios utilizados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). “Alguns tecnocratas de Brasília tratam a nossa região como as demais do centro-sul. Aqui os alimentos, os derivados do petróleo, entre outro, são os mais caros do país. Equidade é tratar iguais como iguais e os diferente como diferentes”, disse ele, para quem a escola é uma instituição a serviço da transformação.
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Tribuna do Juruá – Jorge Natal