O avião não possuía médicos nem aparelhos respiratórios à bordo, a família alega negligência médica
No fim da tarde de quinta-feira (24) o presidiário Paulo dos Santos Rocha, 20, morreu dentro de um avião que estava à serviço do Tratamento Fora de Domicílio (TFD). No atestado de óbito o motivo da morte foi insuficiência cardio respiratória aguda. A família alega que houve negligência médica ao mandarem o jovem em um avião sem assistência médica e sem aparelhos respiratórios.
Há algumas semanas o jovem começou a perder os movimentos das pernas, por esse motivo foi levado ao Hospital por várias vezes, e na tarde de ontem foi encaminhado para ser avaliado em Rio Branco, após a suspeita médica de problemas neurológicos e a falta do profissional apto para realizar a avaliação no município.
A senhora Raimunda Nonata dos Santos , mãe da vítima, relata que o filho já apresentava problemas na respiração mesmo antes de embarcar.
“Lá no aeroporto ele já estava passando mal com falta de ar, eu esfregava o peito dele para ver se passava, e mesmo assim eu ouvi o médico dizendo no telefone que ele estava bem, que poderia viajar. No avião ele deu duas respiradas bem forte e na terceira já não conseguiu mais respirar e morreu, isso não tava nem com cinco minutos de vôo”, falou a mãe lamentando a falta de assistência dada ao filho.
O irmão do rapaz, Valdecir dos Santos, pede que seja dada uma resposta quanto à morte do irmão.
“Eles disseram o que aconteceu na hora que ele morreu, mas o que gerou isso? Que doença fez com que ele sentisse isso e morresse? No IML não realizaram essa análise de forma que pudesse nos dar uma resposta, isso indigna a família e nós buscaremos nossos direitos”, relatou o irmão.
O coordenador Regional da Secretaria de Saúde Estadual, Charles André explicou que o paciente passa por dois médicos para poder ser encaminhado pelo TFD, sendo o médico regulamentador, que encaminha o paciente para o tratamento e o médico autorizador que avalia a situação do doente e diz se é necessário um avião com atendimento médico ou um avião simples. Ele ainda disse que o avião que transportava Paulo Rocha havia sido fretado para realizar o transporte de uma criança do município de Porto Walter para Cruzeiro do Sul, e como a aeronave voltaria vazia aproveitaram para encaminhar o jovem e uma outra paciente que necessitavam de tratamento em Rio Branco.
“O médico me passou que o quadro do rapaz era um quadro estável, e que nada comprometeria a ida dele nessa aeronave, pois o quadro clinico dele naquele momento era tranqüilo, e nenhum momento que ele chegou ao pronto socorro ele precisou de oxigênio,ele não estava com nenhum problema cardíaco, e quem decide o tipo de avião, o tipo de deslocamento é o medico regulador e autorizador do TFD”, explicou o coordenador.
Paulo era morador da Comunidade Paraná dos Mouras, localidade Continuação, e estava preso desde o dia 26 de setembro no Presídio Manoel Nery da Silva cumprindo pena por tráfico de droga. Ele foi preso pela polícia federal acusado de guiar até a Br-307 dois peruanos que traziam droga para o município.
Tribuna do Juruá – Vanísia Nery