Defensor de uma reforma política que acabe com a doação de empresas privadas para os caixas dos candidatos a cargos eletivos, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem adotado a tática de “ocultar” a doação de empreiteiras e outras empresas do setor privado para a campanha de seus majoritários.
Levantamento feito pelo portal Contilnet Notícias mostra que, apesar de lideranças como o senador Jorge Viana (PT-AC) defender o fim deste tipo de doação, os petistas não tem aberto mão de financiar suas campanhas com a ajuda do empresariado. E entre estes doadores estão empresas investigadas pela Polícia Federal na operação Lava Jato.
A operação para passar a imagem de que seus candidatos a cargos do Executivo dispensam dinheiro de empresas privadas é ocultá-las da lista de doadoras diretas para o comitê financeiro do próprio candidato. Esta estratégia acontece desde a eleição de Marcus Alexandre (PT) para a prefeitura de Rio Branco.
Em 2010, quando da disputa de Tião Viana para o governo, todos os doadores privados foram expostos na prestação de contas do comitê financeiro do petista. Os dados mostravam entre os grandes doadores empresas (sobretudo do ramo da construção civil) que mantêm contratos milionários com a gestão petista e flagradas, três anos depois pela Polícia Federal, num esquema de formação de cartel para fraudes em licitações de obras, a operação G7.
Desde a campanha de 2012 o PT tem “escondido” seus principais parceiros nas finanças das campanhas. A estratégia é recorrer a um mecanismo legal: ao invés de repassar a doação diretamente para o comitê do candidato, ela segue direto para a conta do diretório estadual do partido, e este, por sua vez, repassa ao candidato ou a executa diretamente.
Os dados mostram que na eleição de 2014 o PT recebeu mais de R$ 4 milhões para a campanha de Tião Viana. Enquanto isso, o comitê do petista declarou somente R$ 194 mil. Entre os doadores do candidato nenhum que possa causar constrangimento diante da opinião pública. Mas quando se parte para a análise das contas da legenda a situação é oposta.
Entre estes doadores “ocultos” estão a OAS e a Queiroz Galvão, ambas investigadas no esquema do “petrolão”. A primeira repassou para o PT do Acre R$ 105 mil. Já a OAS doou R$ 270 mil. A gigante do setor de alimentos JBS repassou para o caixa da legenda R$ 580 mil. Todos estes doadores optaram por “camuflar” a colaboração para a campanha de Tião.
Até 2012 as doações aos partidos podiam ser ocultas, sem a necessidade de dizer quem era o doador. Esta brecha foi eliminada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem procurou a assessoria de imprensa do PT para comentar sobre esta estratégia de “ocultar” os doadores dos candidatos majoritários. Até o momento não houve retorno das solicitações.
Fábio Pontes-Agência Contilnet