Apesar dos alertas e críticas do Ministério Público, o governo do Acre inicia nesta segunda-feira (18), na margem direita da BR-364, a cinco quilômetros de Rio Branco, as obras do “Cidade do Povo”, estimadas em R$ 1,1 bilhão.
O empreendimento, que se sobrepõe à preocupação ambiental, é apresentado como o maior projeto habitacional da história do Estado.
A “cidade sustentável” terá 10,5 mil moradias – aproximadamente 60 mil pessoas em cima do Aquífero Rio Branco, e será a terceira maior concentração urbana do Estado, excetuando os municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
O aquífero é um recurso hídrico com capacidade de abastecer mais de 1 milhão de pessoas em Rio Branco, uma capital onde a precariedade do abastecimento de água potável é fato público e notório.
O governo estadual desconsidera que o aquífero será impactado e dispõe de parecer dizendo que praticamente não existe aquífero na área.
Para escoar esgoto e água de chuva é necessário que o terreno tenha alguma declividade. A área da “Cidade do Povo” é uma planície quase na cota do Rio Acre.
Terão que bombear a água e o esgoto para conseguir drenar. Além de muito caro, exigirá muita manutenção.
A “Cidade do Povo” está sendo acompanhada por meio de inquérito civil das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo e Consumidor.
Por sua vez, o Ministério Público Federal acompanha o caso por outros viés: quer saber qual o impacto do aquífero para as construções, se o solo é adequado para a construção de mais de 10 mil imóveis, pois o próprio governo prevê urbanização mais acentuada da área como decorrência do projeto.
Tecnicamente, a área faz parte da planície de inundação do Rio Acre.
Rio Branco já é pobre o suficiente para arcar com mais uma obra que terá que ser consertada eternamente.
O tempo dirá o que significa construir uma “cidade sustentável” dentro de um charco ou várzea.
Fonte: Blog do Altino